O Ministério Púbico do Estado do Pará(MPPA), por meio do procurador de justiça Nelson Pereira Medrado e da promotora de Justiça de São João de Pirabas, Sabrina Said Daibes de Amorim Sanches, ofereceu Ação Penal Originária em desfavor do prefeito municipal, Luís Cláudio Teixeira Barroso, conhecido como "calça curta" e mais oito envolvidos em vários crimes contra o erário, tais como dispensa e inexigibilidade de licitação indevidas, peculato, falsidade ideológica, associação criminosa, prestação de contas indevida, entre outros. A ação é resultado de procedimento investigatório criminal instaurado após denúncias de irregularidades cometidas que chegaram ao conhecimento do MPPA, que realizou operação de busca e apreensão em janeiro de 2014, coletando documentos e computadores como provas.
Diante da gravidade dos fatos foi requerida a
prisão preventiva dos denunciados Luis Cláudio Teixeira Barroso, Wotson Valadão
de Moura; Pérola Maria Pinheiro Corrêa; e Marinao Fonseca da Silva ou, ao menos,
o afastamento cautelar e a proibição de acesso aos prédios da administração
pública municipal
"A liberdade dos investigados e a sua permanência
nos cargos públicos significará a perpetuação da ilegalidade, uma verdadeira
liberação para a prática de novos ilíticos criminais, eis que a própria
gravidade dos fatos narrados acima exige a adoção de medidas cautelares para
impedir novas arbitrariedades e ataques ao Erário Municipal", frisaram os
representantes do Ministério Público.
Além do prefeito foram denunciados: Pérola Maria
Pinheiro Corrêa- ex-tesoureira e Secretária Municipal de Finanças, Nelson
Evandro da Silva Pinho- sócio-proprietário da Construtora Silva Ltda-ME, Jorge
Ferreira da Costa, o “Vaca”, candidato a vereador, Valber de Souza Santos, o
“prefeitinho”, dono da empresa V. de S. Santos EIRELI ME, Francisco Joaquim da
Silva, o “Chico Porronca”, Mariano Fonseca da Roza, técnico em contabilidade
contratado pelo município através da empresa M.J.L. assessoria e representações,
Adson Antônio Teixeira Reis, servidor público, e Wotson Valadão de Moura.
Início das investigações
Foi instaurado Procedimento Investigatório
Criminal(PIC) com base em dados do procedimento administrativo do Ministério
Público Federal(MPF), que foram encaminhadas ao Parquet estadual em razão da
ausência de interesse federal, por tratarem-se de fatos relacionados a
competência estadual.
Na ocasião, o Ministério Público Federal(MPF)
tratou apenas das irregularidades em licitações de medicamentos e no
recolhimento das contribuições previdenciárias junto ao INSS, que inclusive já
foram objeto de ações de improbidade administrativa na Justiça Federal
A denúncia inicial relatava diversas
irregularidades em procedimentos licitatórios, como fracionamento de obras em
Cartas-convites, contratações diretas, de empresas de contabilidade, ausência de
licitação, falta de notas fiscais, e despesas com empresas sem processo
licitatório.
O Tribunal de Contas dos Municípios do Estado do
Pará (TCM-PA) apurou irregularidades em contratações públicas no exercício de
2009, 2010, 2011, 2012, 2013 e 2014 e que foram confirmadas em inspeção
realizada na Prefeitura de Pirabas após a denúncia de vereadores contra o
prefeito Luis Claudio Teixeira Barroso, o "calça curta".
No relatório o TCM-PA identificou diversas
irregularidades com relação aos procedimentos licitatórios realizados pela
Prefeitura e proferiu parecer que denota a existência de crimes graves, como
falsificação de documentos, além do não recolhimento de contribuições
previdenciárias, favorecimento de empresas de engenharia e nepotismo.
Diante disso, foram delegados poderes, pela
Procuradoria-Geral de Justiça, ao procurador Nelson Medrado e requisitada a
autorização do Tribunal de Justiça do Estado do Pará(TJPA) para a instauração de
procedimento investigatório criminal pelo MPPA.
Em depoimento ao MPPA, Pedro Nascimento da Silva
e Luís Augusto da Silva Abud disseram que as irregularidades continuavam na
prefeitura, principalmente aquelas na modalidade convite e que as licitações não
eram feitas, e as empresas vencedoras eram indicadas pelo prefeito, inclusive a
empresa FC Nazaré e Construpirabas, que seriam do prefeito.
Além disso, diversas outras representações
criminais contra o prefeito continuaram sendo recebidas no MPPA e relatavam
outros desmandos na administração municipal, como: a omissão na prestação de
contas ao TCM/PA, a ausência do Portal da Transparência da prefeitura,
realização de contratos públicos sem licitação, a apropriação indébita,
contratação de temporários havendo aprovados no concurso vigente, entre
outras.
Ainda houve denúncia formal de que Luís Carlos
Teixeira Barroso estava organizando uma “força tarefa” para montar certames
públicos e contratos administrativos para burlar as prestações de contas do
Município ao TCM/PA, que já estavam atrasadas.
Para as investigações foi contatada a Promotoria de Justiça local, a qual confirmou a existência de procedimentos de natureza cível no Município. O Inquérito Civil(IC) foi encaminhado à Procuradoria de Justiça. Baseada nas declarações de Pedro Nascimento da Silva, foi determinada então, uma Medida Cautelar de Quebra de sigilo telefônico e dados cadastrais para a devida identificação dos envolvidos nas fraudes. Pedro Nascimento afirmou que toda a contabilidade da prefeitura estaria sob responsabilidade de Mariano Roza.
Para as investigações foi contatada a Promotoria de Justiça local, a qual confirmou a existência de procedimentos de natureza cível no Município. O Inquérito Civil(IC) foi encaminhado à Procuradoria de Justiça. Baseada nas declarações de Pedro Nascimento da Silva, foi determinada então, uma Medida Cautelar de Quebra de sigilo telefônico e dados cadastrais para a devida identificação dos envolvidos nas fraudes. Pedro Nascimento afirmou que toda a contabilidade da prefeitura estaria sob responsabilidade de Mariano Roza.
Quebra do sigilo telefônico e busca e
apreensão
A interceptação dos telefones identificaram os
reais envolvidos nas fraudes em licitações e contratos públicos, entre outras
irregularidades.Também esclareceu o envolvimento do prefeito e de Wotson Valadão
de Moura na fraude às licitações públicas.
Além da quebra do sigilo também foi realizada uma medida cautelar de busca e apreensão na Prefeitura Municipal de São João de Pirabas. A medida foi cumprida no dia 22 de janeiro de 2014 e durante a ação foram apreendidos os certames licitatórios para serem submetidos à análise técnica do MPPA e do TCM/PA. As mídias digitais apreendidas foram periciadas no CPC Renato Chaves.
Além da quebra do sigilo também foi realizada uma medida cautelar de busca e apreensão na Prefeitura Municipal de São João de Pirabas. A medida foi cumprida no dia 22 de janeiro de 2014 e durante a ação foram apreendidos os certames licitatórios para serem submetidos à análise técnica do MPPA e do TCM/PA. As mídias digitais apreendidas foram periciadas no CPC Renato Chaves.
Conforme as transcrições das gravações, no
momento em que o MPPA cumpria Mandado de Busca e Apreensão no prédio da
Prefeitura de São João de Pirabas, no último dia 22 o prefeito ligou para Wotson
e pediu ajuda. Na conversa, Wotson identifica a sua “equipe” responsável pela
montagem dos certames licitatórios, constituída por Leandro e Júnior, e ainda
orientou ao Prefeito e ao servidor Adson, presidente da CPL, como deveriam depor
ao Ministério Público. O prefeito avisa Wotson Valadão para tomar o cuidado de
não aparecer na prefeitura e pede orientação de como Adson Teixeira Reis,
presidente da CPL, deveria proceder com suas declarações ao Ministério
Público.
O MPPA constatou que Wotson “empregava” sua
equipe na folha de pagamentos do Município e, através da empresa VIilhena
Assessoria, contratada da Prefeitura, cuja sócia proprietária é sua esposa
Viviane Vilhena, fraudava as licitações públicas do Município.
Durante as conversas telefônicas, Maurício diz
para Claudio avisar para Wotson e a equipe dele não aparecerem na prefeitura,
pois o Ministério Público estava cumprindo a diligência de busca e apreensão. Em
contrapartida, o prefeito Luis Claudio dá ordem a Maurício, chefe de gabinete do
prefeito, a não permitir que o Ministério Público entre na sala de trás da
prefeitura.
Ainda conforme o relatório de busca e apreensão,
o técnico em contabilidade Mariano Fonseca da Roza ligou para Ednilton da
Fonseca e Silva para que este falasse a dona Pérola, Secretária Municipal de
Finanças, pedindo para que a mesma pegasse todos os documentos referentes ao ano
de 2014 e saísse discretamente da Prefeitura, pois os mesmos estavam sendo
monitorados.
Ao todos foram apreendidos 161 procedimentos
licitatórios, entre pregões, concorrências públicas, tomadas de preço,
cartas-convite e chamadas públicas.
Em relação aos procedimentos licitatórios que
haviam sido encaminhados à Corte de Contas, o TCM/PA constatou irregularidades
nesses procedimentos, o que comprova que a montagem nos certames licitatórios da
Prefeitura de São João de Pirabas, para a maquiagem dos gastos públicos
irregulares, remonta ao ano de 2009.
Ficou constatado as seguintes irregularidades nesses procedimentos: a falta de assinaturas dos licitantes e dos membros da CPL, a realização de pagamento acima do licitado, a ausência de documentos necessários à licitação, o recebimento de propostas dos licitantes antes da abertura da licitação, a contratação de diversas empresas para a realização do mesmo objeto, a ausência de publicação dos atos da licitação, a liquidação de despesa antes da comprovação da prestação dos serviços e sem o documento fiscal correspondente, a realização de pagamento antes da prestação dos serviços e do devido atesto.
Ficou constatado as seguintes irregularidades nesses procedimentos: a falta de assinaturas dos licitantes e dos membros da CPL, a realização de pagamento acima do licitado, a ausência de documentos necessários à licitação, o recebimento de propostas dos licitantes antes da abertura da licitação, a contratação de diversas empresas para a realização do mesmo objeto, a ausência de publicação dos atos da licitação, a liquidação de despesa antes da comprovação da prestação dos serviços e sem o documento fiscal correspondente, a realização de pagamento antes da prestação dos serviços e do devido atesto.
Logo após o cumprimento do mandado de busca e
apreensão na Prefeitura ainda no dia 22, o Ministério Público colheu declarações
de Mariano Fonseca da Roza e Adson Antonio Teixeira Reis, que estavam no prédio
da Prefeitura no momento da apreensão, e que foram bastante esclarecedores.
O próprio contador da Prefeitura Mariano Fonseca
da Roza confessou que realizava o empenho e o pagamento das despesas dos
procedimentos licitatórios apenas com o documento fiscal, não analisando ou
sequer recebendo os autos do processo licitatório para conferir a legalidade dos
pagamentos:
A busca e apreensão do Ministério Público
identificou inclusive cópia de cheque com a descrição “Agiota Porronca 15/04”,
bem como documentos que indicam o pagamento mensal a agiotas com dinheiro
público e que, posteriormente, eram manipuladas na prestação de contas ao
TCM-PA, deixando claro o desvio ilícito de dinheiro público.
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