O tribunal do Júri condenou na manhã de ontem, a nove anos de prisão, a doméstica Joelma Batista de Sousa, de 35 anos, acusada de tentativa de homicídio de nove pessoas, entre crianças e adolescentes da comunidade Tipizal, situada na zona rural de Santarém, crime ocorrido em dezembro de 2008. Segundo a denúncia, a ré enviou um bolo envenenado com “chumbinho” para uma jovem de 15 anos, acreditando que a mesma fosse amante de seu companheiro. O produto acabou sendo consumido pela jovem e mais oito pessoas, entre crianças e adolescentes da casa e da vizinhança.
A sessão de julgamento durou 17 horas e o juiz
Gerson Marra Gomes aplicou pena de nove anos de reclusão a ser cumprida em
regime semiaberto. A ré permaneceu presa por um ano e seis meses antes do
julgamento. Na época do crime, a autora disse à polícia que a ideia do bolo
envenenado foi uma atitude de desespero.
Quando foi presa, Joelma disse que agiu movida pelo
ciúme. Ela desconfiava que uma das vítimas tinha um caso amoroso com marido
dela Erivaldo dos Santos. “Já vivia muito tempo aguentando o caso deles. Já ia
fazer três anos agora em abril, enquanto isso vivia ouvindo conversa. Vinha
alguém chegava e falava uma coisa vinha outra e falava outra coisa. Até
encontrar as duas pessoas juntas na minha casa eu encontrei.” Declarou Joelma.
Em depoimento, a acusada contou ao delegado que no
dia do crime, por volta de 5 horas, foi da Colônia do Tipizal, para tratar da
sua inscrição no programa Bolsa-Família, em uma agência da Caixa. Ela afirmou
que sempre guardava em sua bolsa um frasco de veneno para matar ratos, pois
tinha receio de que seus filhos pegassem e ingerissem o produto. Na agência,
perguntou a uma atendente onde poderia comprar um bolo. Em seguida, disse ter
encomendado um bolo confeitado com cobertura de chocolate por telefone, foi a
padaria, pegou o produto e despejou todo veneno no bolo, que foi colocado
dentro de uma caixa.
Ela disse que parou um moto taxista próximo à
padaria e solicitou e ele que fizesse uma corrida até a rodovia
Santarém/Curuá-Una, alegando que era para entregar uma encomenda na casa de uma
jovem identificada como Diana, na Colônia do Tipizal. O preço do frete foi de
R$ 30. Ela deu ainda R$ 10 ao moto taxista pedindo que ele desse a quantia à
Diana para comprar refrigerante e dizer a ela que quem estava mandando o bolo
era um rapaz, que iria lhe fazer uma visita nesta quarta-feira, dia 3. Sem
desconfiar de nada, o moto taxista seguiu viagem.
Joelma apanhou um ônibus que faz a linha para a
colônia para encontrar o moto taxista para ter certeza de que ele havia
entregue o bolo à moça. A mulher disse ter tomado conhecimento, de que no mesmo
dia, Diana havia levado o bolo à casa de um senhor de nome Raimundo Massuca, de
apelido “Galo”, onde a família toda foi envenenada e levada ao Hospital
Municipal de Santarém. Das 15 pessoas que comeram o bolo, 11 passaram mal, e 9
ficaram em estado mais grave entre elas, a cunhada de Joelma. “Eu não queria
atingir todas essas pessoas. Têm pessoas no meio que nunca me fizeram nada e
pessoas que eu não conheço. Eu queria sim matar uma única pessoa.” Confessou a acusada.
Quanto ao moto táxi que ajudou na entrega, a acusada disse que ele não sabia de
nada, apenas prestou o serviço.
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