O Blog
recebeu hoje esta pérola : Depoimento de Walmir Climaco, em 2005, na CPI da Biopirataria
da Câmara dos Deputados. Durante o depoimento de Climaco, os deputados indagam
o mesmo sobre afirmações que teria feito sobre pagamento de propina a agentes
públicos.
Leia o texto
na íntegra :
DEPARTAMENTO
DE TAQUIGRAFIA, REVISÃO E REDAÇÃO
NÚCLEO DE
REDAÇÃO FINAL EM COMISSÕES
TEXTO COM
REDAÇÃO FINAL
CPI -
BIOPIRATARIA
EVENTO:
Audiência Pública.
N°: 0256/05
DATA:
30/03/2005
INÍCIO:
14h51min
TÉRMINO:
17h31min
DURAÇÃO:
02h40min
TEMPO DE
GRAVAÇÃO: 2h39min.
PÁGINAS: 61
QUARTOS: 32
DEPOENTE/CONVIDADO
- QUALIFICAÇÃO
LÍVIA KARINA
PASSOS MARTINS - Técnica do IBAMA em Itaituba, Pará.
JOSÉ SALES
DE SOUSA - Chefe do Parque Nacional da Amazônia em Itaituba, Pará.
EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Ex-Chefe do Escritório do IBAMA em Itaituba, Pará.
VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Empresário do Setor Madeireiro no Estado do Pará.
AMARILDO
FORMENTINI - Ex-Técnico do IBAMA, atual assessor da Comissão de Direitos
Humanos da Câmara dos Deputados.
SUMÁRIO:
Tomada de depoimentos.
OBSERVAÇÕES
Há termos
ininteligíveis.
Há
intervenções inaudíveis.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Havendo número regimental,
declaro aberta a 16ª reunião da CPI destinada a investigar o tráfico de animais
e plantas silvestres brasileiros, a exploração e comércio ilegal de madeira e
também a biopirataria no País.
Encontram-se
sobre as bancadas cópias da ata da 15ª reunião.
Pergunto aos
Srs. e Sras. Parlamentares se há necessidade da leitura da referida ata.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Peço dispensa, Sr. Presidente.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos
Mendes Thame) - Obrigado. Havendo pedido de dispensa, colocamos a ata em
discussão.
Não havendo
quem queira discuti-la, em votação.
As Deputadas e Deputados que a aprovam,
por gentileza, permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovada.
Ordem do
Dia.
Em
atendimento à aprovação de requerimentos de autoria do Deputado Sarney Filho,
Relator desta CPI, que se encontra momentaneamente ausente, por ser o Deputado
com maior número de mandatos presidindo a instalação da Comissão Especial que
vai tratar do projeto especial de gestão de floresta, esses requerimentos, em
virtude da aprovação, farão parte, tendo sido aprovados, da oitiva na reunião
de hoje das seguintes testemunhas: Sra. Lívia Karina Passos Martins, Técnica do
IBAMA em Itaituba, Pará; Sr. José Sales de Sousa, Chefe do Parque Nacional da
Amazônia em Itaituba, Pará; Sr. Eurico Bezerra dos Santos, ex-Chefe do
Escritório do IBAMA em Itaituba, Pará; Sr. Valmir Climaco de Aguiar, Empresário
do Setor Madeireiro no Estado do Pará; Sr. Amarildo Formentini, ex-Técnico do
IBAMA, atual assessor da Comissão de Direitos Humanos da Câmara dos Deputados.
Como se
trata de depoimento de testemunhas, devemos ouvi-las separadamente, conforme
dispõe o art. 210 do Código de Processo Penal.
Convido a
Sra. Lívia Karina Passos Martins para tomar assento à mesa.
Enquanto
isso, as demais testemunhas, por gentileza, devem se encaminhar à Secretaria da
CPI, acompanhadas de seus assessores, aguardando, nesta Secretaria, o momento
de seu depoimento.
Solicito à
Sra. Lívia Karina Passos Martins que preste o juramento, em atendimento ao art.
213 do Código de Processo Penal.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a
verdade do que souber e me for perguntado.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Obrigado. Em conformidade
com o art. 210 do Código de Processo Penal, fica ciente a testemunha das penas
cominadas ao crime de falso testemunho, que é assim descrito no Código Penal.
Art. 342. Fazer afirmação falsa, ou negar, ou calar a verdade como testemunha —
pena: reclusão de 1 a 3 anos e multa.
Com a
palavra a Sra. Lívia Karina Passos Martins, inicialmente, por um prazo de 20
minutos. Caso deseje, antes das perguntas, fazer uso da palavra para antecipar
qualquer declaração que lhe aprouver.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Bem, vou me apresentar. Meu nome é Lívia Martins. Eu
trabalhei em Itaituba, durante 2 anos, a partir do momento que passei no
concurso do IBAMA. Agora, eu fui transferida de lá por questão de segurança.
Estou à disposição do recursos humanos de Brasília. E, durante esse período, eu
era lotada no Parque Nacional da Amazônia, mas trabalhava não só no Parque
Nacional da Amazônia, trabalhava também no entorno com fiscalização de todas as
áreas por lá, nos Municípios ao redor de Itaituba também: Trairão e região mais
próxima. (Pausa.)
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Mais alguma coisa?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Não, era só isso. A palavra
está livre e estão abertas as inscrições aos Deputados.
Com a
palavra o Deputado Hamilton Casara.
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - Sr. Presidente, só para saber se a Sra. Karina
declinou do depoimento, colocando-se à disposição, se é o que entendi.
Declino da
minha pergunta, Sr. Presidente. (Pausa.)
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Está certo.
Também a
Sra. Lívia Karina Passos Martins fica informada de que, se desejar fazer algum
depoimento de forma reservada, nós temos condições de colher esse seu
depoimento, tão logo termine aqui, de público, esse audiência, ou mesmo durante
a audiência com algum dos assessores ou de técnicos que assessoram o andamento
da CPI.
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - Sr. Presidente, eu gostaria de reformular a minha
posição, e consultar a Sra. Karina se, porventura, ela tem conhecimento e — se
assim o Presidente concordar, poderá fazer também, em caráter reservado, a sua
resposta, se ela tem conhecimento na jurisdição das suas áreas de trabalho,
tanto na unidade de conservação, citada por V.Sa., ou mesmo na unidade de
Itaituba, de algum processo de retirada ilegal da flora ou mesmo do tráfico de
animais silvestres, alguma conexão nacional, ou se tem conhecimento de alguma
conexão internacional, considerando que Itaituba é uma área rica em
biodiversidade; e se porventura V.Sa. tem conhecimento de alguma rede de saída
ilícita de material biológico dessa região para outras regiões do País ou dessa
região para outros países. Caso positivo, se quiser fazer a resposta
reservadamente, com o consentimento da nossa Presidência, poderá fazê-lo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Pode ser. Durante esses 2 anos, com o trabalho de
fiscalização, vários empresários que trabalhavam com madeira foram
fiscalizados, porque passavam madeira de forma irregular. No Parque da
Amazônia, a madeira era tirada de FLONAs de Itaituba I e II, que era a região
onde nós trabalhávamos. E todas as cidades estão disponíveis nos autos de
infração, que estão no escritório regional de Itaituba. Boa parte dessa
madeira, a maior parte... boa parte é exportada, outra parte desce para a Região
Sudeste, onde há o maior consumo da Amazônia, hoje em dia, segundo as
pesquisas. Então, toda madeira que sai de lá, grande parte é de madeira da
região, porque o Pará é uma região que não tem... A documentação da terra é
bastante complicada, bastante limitada. Então, o IBAMA dificilmente autoriza
planos de manejos em áreas onde não se tem demonstrada a documentação legal da
posse da terra. Portanto, muita madeira que sai de lá, realmente, sai de forma
irregular.
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - Sr. Presidente, eu gostaria de fazer mais uma
pergunta: saber da dotação orçamentária da unidade onde a Sra. Karina trabalha,
na unidade de Itaituba, e também da unidade de conservação citada por ela
própria. Se tem condição de responder agora, senão, se o Presidente concordar,
no prazo de uma semana, para que ela possa fornecer a esta Comissão a dotação
orçamentária, à disposição dessas unidades.
Muito
obrigado, Sr. Presidente.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não tenho condições de responder isso agora. Poderia
passar, depois, essa informação.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Sr. Presidente, eu gostaria de perguntar à Sra.
Lívia: se na área que você tomava conta, você tinha também conhecimento de
vendas e de propagandas, até mesmo de vendas, de determinadas áreas de proteção
ambiental; se o IBAMA sabia alguma coisa sobre isso e que providências tomava.
Porque a gente teve aqui até denúncia, vimos em revista. A gente queria saber
qual era a providência que o IBAMA tomava nesse sentido.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O que acontecia muito lá é que pessoas que estão
chegando na região para comprar terra, como eles sabem que tem área de parque,
que eles chamam de reserva, eles não têm identificado onde seria a área. Então,
eles normalmente chegam lá no escritório para perguntar se a área onde ele
comprou é dentro de reserva indígena ou dentro de alguma unidade de conservação
do IBAMA. E normalmente a gente plotava os dados nas imagens de satélite e
identificava onde seria a região. E, aí, a gente informava para ele que era uma
área que era unidade de conservação ou não, ou seria fora. Então, nós
informávamos para ele. Normalmente, não existia nenhum documento para que a
gente repassasse o que era feito. Nós comunicávamos ao gerente de Santarém que estava
existindo esse tipo de comércio e que as pessoas comentavam, faziam muitas
denúncias sobre isso. Então, não existe nenhum documento, nenhum papel para que
a gente possa reencaminhar esse tipo de denúncia. Mas é comum as pessoas
chegarem lá para questionar o comércio de terras, sim.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Mas acontecia, por exemplo, como aconteceu, de o
IBAMA tomar conhecimento de propagandas que eram colocadas, e que eram áreas de
parque, como houve o caso, aqui, de uma denúncia numa revista?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - De dentro do parque?
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - É. De dentro da área da unidade, que era de
conservação.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não. Dentro do Parque da Amazônia, eu não lembro de ter
colocado placa. O que existe dentro do Amazônia é...
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Não é placa, mas propaganda em revista, colocando
determinada área à venda.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Eu desconheço em revista. O que eu via muito, quando a
gente descia de helicóptero, é que todas as áreas estavam plaqueadas,
identificadas, inclusive, com o número do protocolo do INCRA, que eu não sei se
realmente correspondia ao número do protocolo ideal, correto, ou se era um
procedimento comum. Toda pessoa que pedia orientação de terra, colocava o
protocolo para eles.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Deixe-me ver se entendi, Lívia: quer dizer que
quando vocês recebiam as pessoas que vinham com determinada... digamos assim,
questionar sobre determinada área, algumas já tinham comprado a área, já tinham
pago?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Algumas já tinham comprado a área.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - E, aí, o que é que acontecia com essas pessoas
quando elas descobriam que já tinham pago?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Normalmente, elas voltavam para conversar com o pessoal
da... com quem vendeu. Porque essa venda, o comércio é muito comum lá, nessa
questão de terra.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Pois é. E, aí, qual é... aí, você está me dizendo
que encaminhava para o gerente, em Santarém?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Quando se tinha algum documento. Por exemplo, na Reserva
Tapajós Arapiuns tinha... apresentavam documentação de que alguém queria
comprar terra, e normalmente eram imagens com os pontos já referenciados, e
quando a gente plotava no mapa, no escritório, parecia que era dentro da área.
Então, quando se tinha... Normalmente, não tinha documentação nenhuma, porque
eles vinham com... Eles não vinham com nenhum documento oficial, eles vinham
com documentação em mãos, no ponto já referenciado, para saber se o ponto era
dentro ou fora.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - E não havia... Vocês não questionavam quais eram
as pessoas que estavam vendendo, até mesmo para ver o encaminhamento no
escritório central e, aí, o IBAMA tomar uma providência mais rígida com relação
a isso?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O que a gente encaminhava, encaminhava para o pessoal
do INCRA, da cidade de Itaituba. Então, toda questão de regularização de terra,
a gente informava que o IBAMA não fazia a questão da regularização da terra, e
tudo era feito no escritório do INCRA, em Itaituba. Então, toda questão de
terra era passada para eles, para o escritório de Itaituba.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Mas, aí, vocês também não tinham retorno do que
acontecia com isso?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não. Realmente, a gente passava para eles. O que a
gente realmente avaliava era quando tinha um comércio, alguma venda dentro da
unidade de conservação, que é uma área do IBAMA. Então, a gente tomava
providência.
A SRA.
DEPUTADA THELMA DE OLIVEIRA - Obrigada, Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Deputado Hamilton Casara,
mais alguma pergunta, ou só depois?
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - (Intervenção inaudível.)
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Muito bem.
Temos aqui
algumas perguntas que foram encaminhadas pelo Relator, Deputado Sarney Filho,
que, aliás, é o autor do requerimento responsável por essa reunião e pelas
convocações.
Primeira
pergunta: qual o motivo pelo qual foi transferida do escritório de Itaituba?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - No final do ano passado, não lembro se foi novembro ou
se foi dezembro, por causa do plano de desmate, o aumento da fiscalização na
região ficou bastante intenso. Existia na cidade comentários e recortes em jornais
— um deles até cita que eu e o Sales, dentro da região da Serra de Itaituba,
éramos as pessoas mais odiadas na região —, e de pessoas que trabalhavam na
própria comunidade, porque nós tínhamos uma relação muito boa com os
comunitários, e de pessoas que trabalhavam em serrarias. Então, informações nos
vários setores da região e em área religiosa também. E tinha um murmurinho na
cidade de que as pessoas não gostavam da gente. Era comum, eles normalmente nos
pediam que a gente não andasse sozinho, esse tipo de coisa. Mas, no final do
ano passado, chegou a informação lá no escritório de que tinham contratado...
tinha 3 pessoas, que seriam pistoleiras, que estavam num hotel específico na
região e que estavam mapeando a área para que houvesse uma eliminação,
provavelmente minha e do Sales, porque éramos as pessoas que, segundo eles...
Como nós estávamos no início dos trabalhos, quando não existia o plano de
desmate, eles achavam que toda a região.. toda a fiscalização que tinha era
apontada por mim e pelo Sales. Na verdade, não era. O plano de desmate era um
plano muito maior, onde se reuniam diversos Ministérios. E a fiscalização ficou
bastante intensa na região, inclusive com a criação de novas reservas na região
do Pará. E essas regiões que foram criadas causaram um desagrado para as
pessoas que mexiam com terra na região. Então, eles imaginavam que nós é que
apontávamos as irregularidades na cidade. E não era. Apesar de a gente estar
trabalhando a mais tempo, a própria imagem de satélite mostrava as indicações
onde eram as áreas mais desmatadas. Então, nesse período, chegou nos essa
informação de que tinha esses pistoleiros que iriam eliminar a mim e ao Sales,
e que era por conta disso: que indicávamos as áreas específicas na região. E,
aí, os nomes dessas pessoas foram encaminhados, pelo gerente de Santarém, para
o escritório da Polícia Federal, em Santarém. Eles foram até Itaituba para ver
se identificavam. Nessa mesma semana, houve até a prisão de um outro empresário
de madeira lá, com problema na Receita — desconheço qual foi o problema.
Segundo entendimento deles, as pessoas que estavam no hotel teriam ido embora
naquela semana, naquele dia. Segundo informações, como o IBAMA tinha presença
muito forte de Polícia — Polícia Militar; Polícia Rodoviária Federal; Exército,
que já estava trabalhando junto com o IBAMA na região —, então precisaria de
estudo maior, mais detalhado, para que pudesse nos eliminar, eu e o Sales, que
seríamos as pessoas mais vulneráveis na região. Então, a partir daí, o gerente
soube disso, a Polícia Federal registrou esse boletim, e eu pedi a
transferência de lá.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito.
A senhora
conhece o Sr. Amarildo Formentini?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Conheço. Ele fez trabalho de fiscalização lá na região.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Certo. Nessas operações de
fiscalização foram detectadas algumas infrações. Foram detectados infratores?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Com o Amarildo?
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - É.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Foram. Não lembro qual foi o mês que nós trabalhávamos
nessa operação, e foi identificado. Nós lavramos auto de infração... não lembro
se foi mais de um auto de infração, mas foi lavrado auto de infração, sim, foi
encontrada irregularidade.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - E é grande o volume de
madeira apreendida?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Foi. Porque nós conseguimos transportar de volta para o
escritório de Itaituba, que ficou armazenado em depósito por lá. Se eu não me
engano, não sei se foram dois caminhões, eu não estou lembrada qual foi o
volume da madeira.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - E o que aconteceu
posteriormente com a madeira, com o maquinário, com os caminhões apreendidos?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Esse material está em depósito no escritório do IBAMA.
O SR. PRESIDENTE
(Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Ainda?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É, esse material está lá no escritório.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - As perguntas seguintes, ou
essa pergunta seguinte aqui, se preferir, pode nos encaminhar depois em caráter
reservado. Participou de alguma operação, no ano de 2004, em que o infrator era
o Sr. Valmir Climaco?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Teve sim, teve auto de infração em nome do Valmir
Climaco.
O SR. PRESIDENTE
(Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O que aconteceu com a madeira
apreendida e o maquinário também apreendido?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Na verdade, teve mais de um auto de infração. Teve um
auto de infração que foi um desmatamento com madeira apreendida que ficou em
depósito na própria fazenda, porque não tinha como retirar. Nós chegamos lá de
helicóptero, que isso foi fruto do Plano Desmate. Talvez tiveram outros, não
lembro, eu lembro bem desse que foi mais recente. Teve um no final de 2003,
início de 2004, que foi uma madeira que foi apreendida, um caminhão, e foi
depositado no IBAMA. E essa madeira foi liberada sem autorização. São casos
diferentes.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Foi liberada?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Foi, porque, assim, quando houve a fiscalização desse
caminhão específico, ele estava sem a TPF, que é o documento que cobre o
transporte da madeira. Acho que foi num dia de sábado, onde ocorreu essa
fiscalização, foi dentro da cidade, quando a gente estava passando dentro da
cidade, era um caminhão da Transportadora RECON, que era transportadora que faz
transporte de madeiras na cidade. Então, é um caminhão facilmente identificado,
porque é uma madeira cerrada. E esse caminhão foi colocado dentro do pátio do
IBAMA, porque não tinha cobertura florestal, não tinha documento que era
necessário para cobrir esse caminhão. E, nesse dia, eu fui para o Parque da
Amazônia, porque teve um problema de água. As pessoas que estavam trabalhando
no parque estavam sem água, eu fui levar um técnico para consertar a água,
levar equipamento. E, quando retornei, essa madeira realmente não estava mais
no pátio, tinha sido liberada.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - E foi aberto um processo
administrativo nesse caso?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Eu fiz uma comunicação interna para o Sales, que era o
chefe do Parque. Portanto, ele seria a pessoa que teria autorização para
liberar, que seria meu superior hierárquico. E nós passamos uma comunicação
interna para o gerente de Santarém sobre o ocorrido. E foi aberto um processo
administrativo que, se não me engano, foi passado para Belém. Está em Santarém
ou Belém.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Em Belém?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não está mais em Itaituba, está em Santarém ou Belém.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Em Belém. Bom, na
seqüência. Ainda é o rol de perguntas que foram deixadas pelo Deputado Sarney.
V.Sa. conhece o Sr. Enrico Bezerra?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Conheço sim, é o antigo chefe do escritório de
Itaituba. Em Itaituba são duas unidades. Tem a unidade do Parque Nacional da
Amazônia, que é uma gerência, uma chefia, e que funciona no mesmo espaço
físico, e tem uma chefia do escritório regional de Itaituba. Que nesse período
não tinha chefe. Estava sem chefe local.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Certo. Teve notícia de uma
transferência do Sr. Eurico Bezerra para outro escritório?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ele foi transferido para a gerência de Belém.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Na sua avaliação, por que
que isso se deu?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Parece que ele já tinha essa transferência. Já existia
antes no papel, segundo as informações lá. Já existia, mas ele ainda continuava
trabalhando em Itaituba. Que é assim: quando você é transferido para um lugar
para ser chefe e você perde a chefia, você imediatamente tem que voltar para o
seu local de origem. E já tinha algum tempo que ele não era mais chefe, mas
ainda estava trabalhando em Itaituba.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Tem notícia de eventual
ligação do Sr. Eurico Bezerra com o Sr. Valmir Climaco?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não sei. Nesse caso especificamente da madeira que foi
apreendida, como foi um dia de sábado, e Sales não tinha autorizado a liberação
da madeira, portanto, o escritório estava com o portão fechado quando foi
colocada a madeira lá dentro, a única pessoa que morava dentro do escritório de
Itaituba seria o Eurico — não é? —, porque a residência dele é dentro do espaço
físico do IBAMA.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Eram essas as
perguntas do Deputado Sarney. Eu tenho agora algumas perguntas que também
elaborei para lhe apresentar. Tem notícia de algum caso em que multas aplicadas
pelo IBAMA foram retiradas, foram esquecidas ou tiveram seus valores reduzidos
no sistema informatizado do órgão?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Lá no escritório de Itaituba nós não fazemos isso. Nós
passamos todo o processo para Santarém. De lá é feito todo o processo lá.
Então, não...
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Tem conhecimento da invasão da sede do IBAMA
em Itaituba/Pará, ocorrida em março de 2004, como represália à demarcação do
Parque Nacional da Amazônia?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Lembro. Isso realmente aconteceu.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Na sua avaliação, foi mesmo uma represália?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É, na verdade, tinham muitos jogos políticos naquele
período. E houve a invasão, eu não estava no escritório, porque eu estava em
Santarém, na gerência de Santarém. Então, quando eu cheguei em Itaituba, o
escritório tinha sido invadido pelo povo e eu não consegui entrar no
escritório. Então, eu não convivi durante esse dia com eles, porque eu fiquei
do lado de fora, porque eu não consegui entrar.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Tem idéia se essa invasão foi promovida e
incentivada pelo Sr. Valmir Climaco ou por algum outro investigado pela sede do
IBAMA em Itaituba?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, não sei dizer.
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Conhece pessoas físicas ou jurídicas, além dessas que
citamos, sobre as quais pairem suspeitas relacionadas à exploração ao comércio
ilegal de madeira no Brasil, biopirataria, de uma forma genérica, e que, na sua
opinião, poderiam ser investigadas? Se desejar, também pode nos indicar esses
nomes de forma reservada.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Na verdade, no Estado do Pará, especificamente no Oeste
de Itaituba, precisaria fazer uma investigação. Isso seria fora do IBAMA, não
é? Uma investigação policial por completo, porque a presença do Estado lá é
muito pequena. Para vocês terem uma idéia, quando nós começamos a trabalhar com
fiscalização, o IBAMA, nós recebíamos denúncias de abuso de médico contra
menor, então, nós recebíamos denúncias de qualquer tipo, além de denúncia
apenas de questão ambiental. Então, a ausência do Estado lá é muito forte.
Então, o IBAMA praticamente ele fica assim, durante esses 2 anos que nós
trabalhamos lá juntos, as pessoas depositam muita fé no IBAMA lá para que a
gente: Ah, entre em contato com a Polícia Federal, encaminhe isso. Então, é um
mundo de irregularidades por conta da ausência do Estado que precisaria fazer
um levantamento completo lá.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Queria agradecer a sua
participação, a sua colaboração. Ficamos à sua disposição se houver mais alguma
informação que possa nos fornecer que serão todas de imensa valia para melhorar
o trabalho do IBAMA, fortalecer os seus objetivos e, acima de tudo, proteger
esse patrimônio, que não é nem um patrimônio do País, é um patrimônio da
humanidade, que é a Amazônia. Muito obrigado.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Obrigada.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Na seqüência, eu queria
convidar o Sr. José Sales de Sousa a tomar assento à mesa.
Convido a
Deputada Thelma de Oliveira a assumir a condução dos trabalhos, durante alguns
minutos, enquanto eu vou assinar a presença, a pedido do Líder. Depois também
vai ser necessária a sua presença lá. É que nós precisamos dar quorum hoje de
qualquer forma no plenário. (Pausa.) Já assinou? Ótimo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Convido o Sr. José Sales de Sousa a
tomar assento à mesa. Solicito ao Sr. José Sales de Sousa que preste o
juramento em atendimento ao art. 203 do Código de Processo Penal.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a verdade do
que souber e me for perguntado.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Em conformidade com o art. 210 do
Código de Processo Penal, advirto a testemunha das penas cominadas ao crime de
falso testemunho, assim descrito no Código Penal. "Art. 342: Fazer
afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha. Pena: reclusão de
1 a 3 anos e multa."
Com a
palavra o Sr. José Sales de Sousa por até 20 minutos, caso queira fazer uso
dela antes de responder as perguntas dos Srs. Parlamentares.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - (Ininteligível.) as perguntas. Tranqüilo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Como a testemunha declinou do uso da
palavra, nós vamos passar diretamente às perguntas. Faremos as perguntas que
foram aqui colocadas à mesa pelo nosso Relator, Deputado José Sarney Filho.
A primeira:
V.Sa. poderia declinar sua profissão, onde trabalhou nos últimos 3 anos e sua
ocupação atual?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Olha eu, boa tarde, em primeiro lugar. Eu tenho 26 anos que
trabalho no serviço público, IBDF e hoje IBAMA.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Até hoje?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Até hoje.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - V.Sa. ainda é o Chefe do Parque
Nacional da Amazônia?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Sim.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Ele já foi demarcado?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quais são os principais problemas
enfrentados na sua gestão? O IBAMA fornece condições adequadas para
fiscalização da Unidade de Conservação? É comum a disponibilização de
helicóptero com piloto e combustível?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Não, o quê? Nós já fizemos diversas
perguntas. "Não" a todas? Quais os principais problemas? O senhor não
falou.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Em primeiro lugar, as condições que a gente tem, eu acho que
não só no IBAMA/Itaituba, no Parque da Amazônia, mas eu tenho 26 anos que
trabalho no Governo Federal, IBDF e hoje IBAMA, as condições que a gente tem
para desempenhar as atividades que são necessárias são insuficientes.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quais elas? De recursos financeiros,
de recursos humanos? A gente gostaria que o senhor detalhasse um pouco.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Recurso humano, financeiro, o principal.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Equipamentos?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Equipamentos.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quantos, em termos de recursos
humanos, quantos existem hoje lá onde o senhor trabalha?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Para se ter uma idéia, essa área lá é 994 mil hectares. Eu
tenho uma estrada federal lá dentro, a Transamazônica, mais ou menos 80 km
dentro da estrada, tem aproximadamente uns 120 km de cachoeiras, o rio Tapajós.
Temos 14 comunidades vivendo no entorno e uma boa parte dentro da unidade.
Temos alguns projetos próximos da unidade que, às vezes, não tem como se ter o
controle, porque essa área todinha nós somos hoje praticamente 5 pessoas para
fiscalizar essa área toda.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Cinco pessoas? Quantas seriam
necessárias na opinião do senhor?
O SR. JOSÉ SALES
DE SOUSA - Olha, funcionando os convênios, o documento que sempre faço e
encaminho aqui para direção IBAMA/Brasília é que a gente fiscaliza 10% da
unidade. Então, se tivesse hoje 30 pessoas, funcionando os convênios e com a
estrutura do órgão, aí, sim, dá para se fazer algo bem melhor.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quais são esses convênios que ainda
não são cumpridos?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Nós temos... Parece que começou a melhorar, mas nós temos o
Exército que está lá com boa vontade para ajudar o IBAMA. E eu vejo que o
convênio que a gente tem ele realmente não funciona. Depende muito da pessoa
que está na direção lá do Exército. Ou seja, aquilo que está amarrado em
documentos, eles acatam. Do contrário, não.
A SRA. PRESIDENTA
(Deputada Thelma de Oliveira) - E o que está amarrado no documento com relação
ao Exército?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Veja bem, eu creio que tem lá, para não ter nada, nada, eu não
posso dizer esse contingente, mas hoje o Exército, o 53 BIS deve ter 350 homens
mais ou menos. Enquanto eu tenho duas voadeiras, ele tem 22 paradas. Então,
veja bem, tem muita mão-de-obra qualificada. Se tivesse condições de ajudar o
IBAMA, seria ótimo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - É comum — o senhor não me respondeu
a essa — é comum a disponibilização de helicóptero com piloto de combustível?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não. Hoje a gente está aproveitando essa Operação Desmate na
Amazônia e tem favorecido bastante nosso trabalho.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Terceira pergunta. V.Sa., é uma
série de perguntas, vou fazer, então, uma de cada vez e o senhor responde.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Tranqüilo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - V.S. já participou de alguma
operação de fiscalização com o Sr. Amarildo Formentini?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Sim.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quantas?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Entre 3 e 5. Não posso dizer com precisão, porque, eu não sei
se... Eu saio para fazer um trabalho, às vezes, a semana todinha, mas, às
vezes, eu chamo aquela operação uma só operação, porque eu iniciei, para eu
fechar ela, ou seja, uma semana eu chamo de uma só operação. Então, eu posso
passar 2 dias, 3 dias, 10 dias, para mim é uma operação.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Foram feitas apreensões de madeira
ilegal nessas operações?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Sim.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Quem foram os infratores?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Eu participei dessa operação com ele. Foram mais ou menos umas
6 pessoas que eu me lembro. É Francisco Quincor. Eu não cheguei a fechar o
trabalho com ele, porque ele deu início ao trabalho e aqueles dias o nosso
trabalho para fechar ele custa, ou seja, eu dependo de provas, dependo de
constatar área, cubar madeira, cubar a área todinha. Mas foi o Francisco
Quincor, Valmir Climaco de Aguiar — no momento não dá para dizer, só se pegar
documento. Não dá para dizer.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - O senhor poderia posteriormente
encaminhar então a esta CPI?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Tranqüilo. Posso encaminhar cópia dos documentos.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - O senhor teria o prazo de uma semana
para fazer isso.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Tranqüilo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Thelma de Oliveira) - Foi grande a quantidade de madeira
apreendida? E o que aconteceu depois com todo esse material que foi apreendido?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - A quantidade de madeira, ela, se eu não me engano, foi 73
cúbicos de madeira. Essa madeira se encontra no pátio do Exército, 53 BIS de
Itaituba/Pará. O que aconteceu, ou seja, a gente para cumprir com as leis é
muito difícil. Eu acho que é muito fácil fazer as leis, agora para ser cumprida
é muito difícil. Ou seja, para nós o que mudou, a presença do Amarildo lá em
Itaituba foi que pela primeira vez nos pegamos os caminhões e foi levado para o
pátio do IBAMA. Então, daquele dia em diante, a gente tentou fazer um trabalho
como estamos tentando fazer até hoje: todas essas madeiras que a gente faz
apreensão, que esse produto se encontra em cima dos caminhões, a gente tem levado
essa madeira para o pátio.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Maquinário também.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Maquinário com tudo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Tudo no pátio do Exército?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não, não, do IBAMA.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. teve conhecimento de algum
desentendimento entre Eurico Bezerra e a senhora Lívia Martins?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Sim.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - O senhor sabe o motivo?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Foi feito um trabalho. A Lívia saiu em direção ao Parque
Nacional da Amazônia e ela se deparou com um veículo carregado de madeira, e
essa madeira foi encaminhada para o IBAMA, para o pátio do IBAMA. E, como o
IBAMA geralmente não tem funcionários suficientes para fazer um bom trabalho,
esse caminhão foi direcionado para o pátio do IBAMA, e surpresa dela, que
quando ela chegou para fechar o trabalho em cima desse veículo, o veículo não se
encontrava mais no pátio do IBAMA.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - E aí o que aconteceu? A Lívia....
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Isso foi feito, porque, veja bem, o Eurico era o ex-chefe do
escritório IBAMA/Itaituba e a Lívia trabalha no parque. Então, o chefe da Lívia
sou eu.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - E ela encaminhou uma documentação para o
senhor?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Ela simplesmente chegou, ficou apavorada. Ela praticamente
tinha mais ou menos um ano de infração, é analista ambiental, recentemente
através de concurso que ela passou, e para ela foi um choque, porque ela está
tentando fazer um trabalho e quando chegou se deparou... desmanchou o trabalho
dela. Então, essa foi uma situação muito difícil. Eu mesmo conversei com o
Eurico e o que ele fez foi, para mim, um ponto negativo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Sousa) - O senhor tem notícia da eventual ligação
do Sr. Eurico com o Sr. Valmir Climaco?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Por gentileza, repita. Não deu...
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Sousa) - O senhor tem notícia da eventual ligação
do Sr. Eurico com o Sr. Valmir Climaco?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Olha, Itaituba é uma cidade pequena. Então, mesmo que a pessoa
não queira, a gente tem uma relação com a população de lá. E ele tem essa
relação. Não tem como, essas pessoas vivem com a gente na padaria, na farmácia,
na igreja e ele tem uma relação muito boa com o Walmir, como todos nós temos
essa relação.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Teve notícia da eventual transferência
do Sr. Eurico Bezerra para outro escritório?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Sim.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. sabe a razão de tal transferência,
e se ela ocorreu imediatamente?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Olha, geralmente, no interior, as pessoas da Capital... Ela
passa, aproximadamente, 2 anos no interior e ela começa a trabalhar para voltar
para a sua origem, que são as Capitais. Sei que é o nosso trabalho, não tem
como a gente agradar todo mundo. Então, veja bem, como essas pessoas que ocupam
cargo nos escritórios do interior, a partir de 2 anos em diante, ela começa a
trabalhar para voltar para a Capital. Eu não posso lhe dizer com precisão se
teve alguma influência dele tentar o Marco voltar para a Capital ou se alguém
tentou tirar ele do cargo que ele exercia.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Encerradas as perguntas do nosso
Relator, indago aos Parlamentares aqui presentes se alguém gostaria de
questionar o Sr. Sales? (Pausa.) Não.
Passo às
perguntas feitas pelo nosso Presidente. V.Sa. tem notícia de algum caso em que
as multas aplicadas pelo IBAMA foram retiradas ou tiveram seus valores
reduzidos no sistema informatizado do órgão?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Veja bem, a gente trabalha no setor de fiscalização, ele é
muito complexo. Ou seja, eu trabalho há 26 anos, tem pessoas que eu faço o
trabalho em cima dela, ela sabe como foi feito o trabalho, ela se vira para
outro infrator e diz que o trabalho dele no IBAMA não fez nada, que foi limpo,
mas não podemos ter certeza. Ou seja, é encaminhado esse documento, nós
encaminhamos todo o procedimento IBAMA/Itaituba, para IBAMA/Santarém. A nossa
parte é feita. Agora, depois que o documento sai do IBAMA/Itaituba para Santarém,
não podemos saber, acompanhar minuciosamente o proceder do processo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - O senhor teria alguma informação nesse
sentido que gostaria de passar de forma reservada?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não. Não, porque é aquele caso, eu não sei se tem um advogado
aqui, mas ele fez umas denúncias...
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Quem fez?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - José Antunes.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Quem é José Antunes?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - É um advogado do Valmir. Ele fez — inclusive saiu no jornal
local — negociata dos fiscais do IBAMA com infrator. Então eu fiz o trabalho,
inclusive com a Polícia Federal, em área do setor madeireiro, setor mineral e
esses documentos foram todos encaminhados para o setor jurídico do
IBAMA/Santarém. E, segundo ele, que o infrator que ele estava defendendo, ele
passou duas noites fazendo essa defesa em cima de um trabalho que eu fiz. E
surpresa dele que quando ele procurou o cliente dele, o cliente simplesmente
disse que não queria mais o trabalho dele, porque ele já tinha acertado com o
IBAMA. Inclusive, fiz um depoimento em um jornal, em que eu tinha encaminhado
todo proceder para o IBAMA/Santatém e para a Polícia Federal, que ela averiguasse
o caso.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. sabe como é feito esse processo de
inserção das multas no sistema?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não sei. Eu não acompanho. Eu faço meu trabalho, mas não sei.
Finalizar o processo geralmente não tem como eu acompanhar em Itaituba.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - O senhor sabe quem é o responsável por
essa área no IBAMA?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Olha, a gente encaminha para o nosso gerente executivo
IBAMA/Santarém 2 e ele encaminha para vários setores, inclusive para o setor
jurídico do IBAMA.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. conhece algum advogado que tenha
reclamado que seus serviços profissionais junto a empresários da indústria
madeireira tenham sido dispensados em razão de acordo dos infratores com o
IBAMA?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Só esse mesmo, que ele conversou comigo, só o José Antunes.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Só o José Antunes. V.Sa. tem notícia se
o senhor Valmir Climaco já extraiu madeira de dentro do Parque Nacional da
Amazônia?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Essa é uma pergunta muito complexa, porque, veja bem, a unidade
não está demarcada. Nós temos marcos naturais que supostamente nós achamos que
de certeza é dentro da unidade. Já foi tirado madeira pelo Sr. Valmir ao
entorno e praticamente dentro. Não posso afirmar, porque, enquanto o parque não
foi demarcado, não tenho precisão disso.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Tem conhecimento se a invasão do
escritório do IBAMA em Itaituba em março de 2004 foi promovida ou incentivada
por ele?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Não só por ele, mas por praticamente todas as pessoas de poder
aquisitivo envolvidas no setor madeireiro, latifundiário, principalmente por
aqueles que vivem ou trabalham ao entorno da unidade.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. sabe se o senhor Valmir tem
projeto de manejo sustentável?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Eu acho que ele tem, agora aprovado ou suspenso, no momento eu
não lhe posso afirmar. Eu sei que ele... Ou seja, as pessoas dão entrada de
plano de manejo no IBAMA/Itaituba, mas precisa passar por uma análise. O que
muito acontece é que as pessoas dão entrada nesses processos e às vezes, por
condição nossa, elas continuam tirando a madeira.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - O senhor poderia saber nesse projeto,
que o senhor falou que acha que ele pode ter, explicar a quantidade de madeira
extraída e comercializada pelo empresário, ou este projeto existiria
simplesmente para respaldar a extração ilegal de madeira pelo empresário?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Olha, não só o Walmir, mas praticamente a nossa região,
hoje... Eu gostaria tanto de não dizer isso que vou dizer aqui. Eu não conheço
nenhum madeireiro, na minha região, Amazônia, Oeste do Pará, que trabalhe
certo. As pessoas têm projeto aprovado, mas enquanto o IBAMA não fiscaliza
minuciosamente, ela só tira madeira dos projetos quando o IBAMA está
fiscalizando, quando ele vira as costas vai tirar madeira de outros locais.
Hoje se me fizer uma pergunta, se eu, como chefe do Parque Nacional da
Amazônia, quem que eu gostaria de ter vivendo perto de mim, se é sem terra ou
projeto... Porque se tiver um projeto perto das unidades, de certeza eles vão
tirar madeira ou extrair palmito dentro das unidades. Infelizmente isso é uma
prática, espero que mude. Está mudando, mas ainda está muito acanhado. A gente gostaria
muito de sentar à mesa com madeireiro, só que eu, como fiscal, até hoje, 26
anos, não conheço um que trabalhe certo, nenhum.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - V.Sa. conhece pessoas físicas ou
jurídicas sobre as quais pairem suspeitas relacionadas à exploração e ao
comércio ilegal de madeira no Brasil, ou a biopirataria de uma forma genérica,
e que deveriam ser investigadas por esta CPI? Se o senhor o desejar, poderá
fazê-lo em caráter reservado.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Veja bem, na teoria e na prática, principalmente naquela
região, a biopirataria não posso confirmar. No setor madeireiro é isso que
acabei de dizer, precisa ter um estudo, fiscalização séria mesmo, porque
praticamente é isso que vocês estão vendo.
A SRA.
PRESIDENTA (Deputada Telma de Souza) - Passo a Presidência ao Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Gostaríamos de saber se os
Deputados presentes têm mais algum questionamento? (Pausa.) Nenhum. Agradecemos
a sua colaboração, muito consubstanciada pelo que ouvi. A nossa preocupação é
justamente conseguir criar um arcabouço jurídico legal, que dê respaldo para a
fiscalização, fortaleça a fiscalização para que ela cumpra esse seu papel
fundamental de preservar esse patrimônio que temos no País, que é a Amazônia e
outras florestas naturais. Muito obrigado.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Eu agradeço. Deixem-me dizer algumas palavras aqui. Parece que
estou sonhando, eu ainda estou vivo em Itaituba, milagre de Deus. Itaituba,
naquela região ali, de cada 10 homens, 7 me conhecem; de 7, 3 não gostam de
mim. É uma vergonha, hoje. Já fizeram manifesto para me tirar ou para me
matarem lá em Itaituba e eu não vi praticamente poucas pessoas falarem a meu
favor para eu continuar na área. Tanto é que hoje eu não tenho interesse nenhum
de ser chefe do IBAMA. O IBAMA, o Governo Federal jogou pesado e está jogando,
estamos acreditando nos concursos e as pessoas que estão assumindo os cargos de
confiança no IBAMA agora, se realmente não tiverem um apoio... Hoje estamos
vendo... Tanto é que foram 8 analistas para trabalhar comigo e não temos mais
ninguém. A única pessoa que estava para trabalhar comigo era a Lívia. Esta já
não está mais comigo. Então, veja bem, quando chega ali na área do Oeste do
Pará, Sul do Pará, naquela redondeza, as pessoas simplesmente, quando vê que o
trabalho do IBAMA é o que é, se nada for feito, simplesmente ninguém vai para o
IBAMA não. Não vejo nenhum atrativo para eu ser fiscal do IBAMA. Eu não vejo,
porque não tem como. Tenho 49 anos de idade, tenho 26 anos de órgão,
dificilmente alguém vai me mudar, não tem como mudar. Não sei a minha família,
ninguém me vê em qualquer lugar em Itaituba, sou uma pessoa que mais estou em
casa, não tem como voltar atrás. A minha família sabe como é minha vida, já
teve dia que só minha esposa falou a meu favor. Teve um dia que ela deixou bem
claro: "Se eu soubesse que você era o que você é, jamais teria casado
contigo". E eu digo: "Agora é tarde". Porque não tem como.
Agradeço muito o rumo que está tomando. A gente está acreditando no sistema.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Sr. Presidente, aproveitando...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Não tinha notado a sua
presença. Quero até convidá-lo para fazer parte da Mesa.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Não, Sr. Presidente, estou aqui me inteirando. Estava
ali, por força do Regimento, presidindo a instalação da Comissão que vai
decidir sobre a gestão de florestas públicas — e V.Exa. assim como eu somos
membros efetivos dela — e só agora pude estar aqui. Infelizmente, peguei só o
final da exposição do Sr. José Sales de Sousa. Primeiro, quero parabenizá-lo.
Nós conhecemos o seu trabalho lá no parque, sabemos dessas ameaças. O Sr. José
Sales, Sr. Presidente, falou que estava constantemente sendo ameaçado de morte.
Aqui é uma CPI, não podemos desconhecer esta palavra. Então, como Relator, peço
a observância de V.Exa., Sr. Presidente, para que possamos encaminhar
oficialmente ao Ministério da Justiça, à Polícia Federal, ao Governo do Estado
do Amazonas, garantia de vida para o Sr. José Sales de Sousa. Não podemos mais,
mesmo que tenho sido sem a intenção, mas foi dito aqui e nós não queremos
nenhuma responsabilidade sobre este assunto, a não ser a responsabilidade maior
de podermos tratar no sentido de promovermos o desenvolvimento sustentável na
região.
Por outro
lado, está em tramitação nesta Casa, Sr. José Sales de Sousa, um projeto que
dispõe sobre a gestão de florestas públicas para produção sustentável, objeto
de exame justamente da Comissão Especial cuja instalação eu estava presidindo.
Primeiro, pergunto se V.Sa. tomou conhecimento desse projeto que está
tramitando aqui em regime de urgência.
O SR. JOSÉ SALES DE SOUSA - Já li algumas
páginas desse projeto, muito bom.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Muito bem. Vou referir-me à respeito da criação de um
novo órgão, uma vez que o senhor é funcionário do IBAMA, que se tem colocado
frontalmente contra essa proposta. Ontem nos foi dito que existem 60 unidades
de conservação no Brasil em que não existe o cargo de chefia. Eu soube, há
pouco, que V.Sa. falou que esse parque possui 994 mil hectares e que, com toda
essa imensidão de terra, possui apenas 5 pessoas para fiscalizá-lo. É isso?
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Exatamente.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - - E temos conhecimento de que, na realidade, também
outras unidades de conservação não têm ninguém. O Sr. João Paulo Capobianco,
Secretário de Biodiversidade, expôs um monitoramento por satélite. Parece-me
que a coisa está muito bem encaminhada no sentido da fiscalização do comando e
controle. Ao mesmo tempo em que o IBAMA sofre dessas deficiências, fala-se em
criar um novo instituto. Qual a opinião de V.Sa. sobre isso?
O SR. JOSÉ SALES DE SOUSA - Eu já não digo
criar outro órgão, e sim fortalecer o que nós temos. Sou do tempo do IBDF. Eu
ainda continuo sonhando. Às vezes, o cara diz: "Você é um cara doido, 26
anos". Às vezes, eu ligo... Sou um cara abusado, antipático. Muitas vezes,
eu ligo aqui para Brasília para o setor do IBAMA. E o que eles me dizem?
"O senhor tenha calma". Calma? Vinte e seis anos, calma? Não tem
condição. Não é criar, é fortalecer o órgão.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Muito obrigado, Sr. Presidente, pela sua complacência.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Nós vamos encaminhar esse
expediente, desde que aprovado pela Comissão, para a Polícia Federal, a
respeito de lhe oferecer condições e garantia de vida lá, em função das
preocupações que nos externou e com a qual compartilhamos. Agradecemos a sua
presença.
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - Sr. Presidente.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Pois não, com a palavra.
O SR.
DEPUTADO HAMILTON CASARA - Sr. Presidente, apenas quero acompanhar também a
posição do Deputado Sarney Filho, que, de forma brilhante, levantou um
questionamento sobre essa nova estrutura que se propõe. E com a mesma
preocupação do Deputado Sarney Filho e da sua também, com relação às palavras
proferidas pelo Sr. José Sales, no que diz respeito às ameaças, proponho uma
audiência externa em Itaituba e entorno, considerando que nessa região, além do
tráfico de animais silvestres, além da questão da exploração irregular de
madeira, além dos desmatamentos clandestinos, temos também o problema da pesca
predatória. Lembrou bem o Deputado Sarney Filho que durante a manhã, nos foi
colocado com muita surpresa sobre a velocidade dos desmatamentos na Região Amazônica.
Na realidade, aquilo demonstrou claramente que o sistema de geoprocessamento,
de georeferenciamento não está funcionando, ao contrário do que foi dito, de
que estava funcionando às mil maravilhas. Ouvimos aqui a experiência de um
servidor como o Sr. José Sales com mais de 26 anos de carreira. Ele sabe que
muitas das vezes a broca na floresta, que é o bosqueamento, acontece por 2, 3,
4, 5 meses e a derrubada se dá às vezes em um mês, um mês e pouco. Essas
práticas de campo vêm, na realidade, conflitarem efetivamente com os dados
apresentados hoje pela manhã.
Em vista
disso, sugiro à Presidência da Comissão que promova uma audiência externa nessa
região, face à sua complexidade e, particularmente, sobre as ameaças aqui
proferidas e muito bem posicionada pelo Deputado Sarney Filho.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Para encerrar, pergunto ao
depoente, Sr. José Sales de Sousa, se gostaria de declinar o nome das pessoas
que porventura o tenham ameaçado de morte, ou mesmo, se souber, não só o tenham
ameaçado de morte, mas também ameaçado a senhora Lívia Karina Passos Martins.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Gente, em qualquer setor do Brasil, principalmente no setor de
fiscalização, qualquer funcionário hoje que trabalhe sério, ele não vai agradar
a todo mundo. Então, qualquer funcionário do IBAMA que teve que cumprir com as
leis ambientais, a população não vai gostar. O setor madeireiro, palmiteiro,
extração mineral não vai gostar, tranqüilo. E eu vejo a região, no momento, um
estopim. Porque, vejam bem, a situação lá tem 8 milhões de hectares que ninguém
pode mexer em nada. Vai chegar o verão, o IBAMA vai começar fazer o trabalho de
parte de serraria, está desmatando, está segurando o máximo. Ali vai ser uma
desgraça logo, logo. Conversando ontem com aquele Prefeito do Trairão, ele
deixou bem claro: é iniciar os trabalhos do IBAMA, ele vai botar mil pessoas
para almoçar e jantar tudo junto. Então, o que eles puderem tumultuar eles vão
tumultuar.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Agradecemos a sua
participação. O Sr. José Sales está dispensado.
O SR. JOSÉ
SALES DE SOUSA - Gente, muito obrigado, boa tarde.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Na seqüência, convido o Sr.
Eurico Bezerra dos Santos a tomar assento à mesa. Solicito-lhe que preste
juramento, em atendimento ao art. 203, do Código de Processo Penal.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a
verdade do que souber e me for perguntado.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Em conformidade com o art.
210, do Código de Processo Penal, fica a testemunha ciente das penas cominadas
ao crime de falso testemunho, assim descrito no Código Penal: "Art. 342.
Fazer afirmação falsa, ou negar, ou falar a verdade como testemunha — pena:
reclusão de 1 a 3 anos e multa".
Com a
palavra o Sr. Eurico Bezerra dos Santos, por até o limite de 20 minutos, caso
deseje, antecipadamente às perguntas, colocar algum assunto como melhor lhe
aprouver.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu prefiro que façam logo as perguntas.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Com a palavra o
Sr. Relator, Deputado Sarney Filho.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Sr. Eurico Bezerra, para efeito de registro na nossa
Comissão, V.Sa. poderia declinar sua profissão, onde trabalhou nos últimos 3
anos e a sua ocupação atual.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu sou engenheiro agrônomo, formado pela FICAP, em Belém,
Estado do Pará. Trabalhei, de 1976 até agora, abril de 2004, em Itaituba. E, a
partir do dia 22 de abril de 2004 até hoje, estou no IBAMA, em Belém.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. tem participado de operações de fiscalização ou
de vistoria de projetos de manejos e de áreas de autorização de desmatamento
nesses últimos 3 anos?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E antes desses 3 anos?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Olha, quando cheguei em Itaituba, em 1976... Em 1996,
aliás, em 1997 — abril, se não estou enganado — eu recebi autorização das
chefias em Belém e, pela primeira vez, eu fiz uma viagem até Castelo do Sonho.
Mas praticamente foi o reconhecimento da área onde eu fui atuar como chefia do
IBAMA.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. conhece o empresário Valmir Climaco?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Conheço.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Tem alguma relação com ele?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não, só mesmo de trabalho.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. chegou em algum momento a liberar projeto de
manejo para empresa de propriedade do Sr. Valmir Climaco?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E V.Sa. tem conhecimento de quem o fez?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu vou tentar explicar aqui um pouco, sim. É que os
projetos de manejo... Até uns 3 anos atrás, como nós pertencíamos e éramos
subordinados à Superintendência em Belém, então, todos os projetos de manejo
eram dado entrada, vistoriados e aprovados por Belém. Aí, depois que Itaituba
passou a ser subordinado por Santarém, continuamos da mesma maneira, Itaituba
não fazia vistoria, não aprovava, tudo é feito por Santarém, no caso.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. nega, então, notícias veiculadas no Jornal O
Liberal, que se referem a um esquema que tem o IBAMA de algumas pessoas nele
envolvidas, dentre essas o Carlinho Cardoso e também, no caso, V.Sa., que
estaria por trás desse esquema? V.Sa. tomou conhecimento dessa reportagem?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E V.Sa. tem conhecimento dessa denúncia, desse tipo de
afirmação?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E V.Sa. conhece o Carlinho Cardoso?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Carlinho Cardoso...? Conheço, conheço.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E o que conhece de relações profissionais?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Olha, o problema é o seguinte, que Itaituba é uma cidade
pequena e eu andei viajando para Novo Progresso e ele era funcionário da SEFAZ,
lá em Novo Progresso. Se é o que estou pensando, a pessoa...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - É, ele é funcionário da SEFAZ. E V.Sa. não tem
conhecimento de nada de irregular ou de funcionários do IBAMA, postos de
fiscalizações, qualquer tipo de envolvimento de órgãos estaduais ou federais em
possíveis fraudes na extração da madeira?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Sr. Presidente, eu me dou por satisfeito.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Muito bem, eu tenho uma
primeira pergunta ao Sr. Eurico Bezerra. O senhor reside dentro de uma área do
IBAMA?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu residi quando trabalhava em Itaituba.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Houve uma oportunidade em
que, num fim de semana, foi apreendido um caminhão de madeira do Sr. Valmir
Climaco, ocasião em que estavam afastados da sede o Sr. Sales, a Sra. Lívia, o
senhor era a única pessoa que estava lá nessa sede e nesse dia, nesse final de
semana. O caminhão foi liberado sem uma autorização expressa. Essa liberação
foi procedida pelo senhor?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Quero explicar o que aconteceu. Nós estávamos numa greve,
o IBAMA inclusive estava numa greve nacional, e, pela primeira vez, eu acho que
o escritório do IBAMA de Itaituba, que éramos poucos funcionários, participamos
de uma greve. Então, ficou acertado que ninguém faria nada. Quando eu cheguei
em casa, o escritório era ao lado da casa onde eu residia, estava uma carreta
lá sem cavalo, com madeira. Daí a alguns minutos, chegou o motorista e disse:
"Olha, eu vim pegar uma carreta aqui que a Dra. Lívia recolheu a carreta
aqui. E até ela liberou o cavalo para que eu fosse buscar as ATPF com a nota
fiscal", que ficaria mais ou menos 2 quilômetros de distância, que a
madeira era para exportação e o pessoal estava tirando a documentação nessa
empresa transportadora, que a madeira vinha através de balsa pelo rio, Rio
Tapajós até o Rio Amazonas e de lá até Belém. E aí ele me falou isso daí:
"Ela disse que era para eu falar com o Sales ou com o senhor". Disse:
"Tudo bem, se é que você veio pegar" — e ele já com a documentação em
mãos inclusive, com ATPF, com nota fiscal e tudo, para exportação da madeira. E
eu mandei que ele levasse. O que aconteceu foi isso daí.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor teve algum
desentendimento funcional ou de caráter pessoal com a Sra. Lívia Martins?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não, depois disso, ela deixou simplesmente de falar
comigo, simplesmente foi isso, mas da minha parte não teve nada, não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor já coordenou
operações de fiscalização do IBAMA para apreensão de mogno? Coordenou?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Não coordenou. Participou?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu participei e, numa certa vez, em Itaituba, ainda não
tinha havido concurso do IBAMA e ainda não tinham os funcionários novos, que
nós chamamos, houve uma denúncia e fomos só eu e um fiscal lá, que só tinham 2
fiscais no escritório. Atravessamos o Rio Tapajós e fomos atrás da denúncia, e
apreendemos com um rapaz uma base de 60 a 70 metros cúbicos de madeira em tora
de mogno. Foi a vez que nós apreendemos, e consegui depois que fosse levado
para a área do IBAMA, na cidade de Itaituba.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor conhece casos em
que a madeira apreendida pelo IBAMA foi doada a alguma ONG, a alguma comunidade
ou a qualquer tipo de entidade?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Olha, teve um mogno que foi apreendido, acho que eram 120
metros, se não estou enganado, 130 metros, em Castelo do Sonho, que fica a 600
quilômetros de Itaituba, na Santarém/Cuiabá, estrada de chão, mas foi uma
equipe que apreendeu e deixou essa madeira lá. Parece que essa madeira foi
roubada, mandaram serrar, e o IBAMA voltou lá e apreendeu. Levaram essa
madeira, fretaram, parece, que 4 carretas, isso tudo feito por Santarém.
Levaram para Itaituba, deixaram lá na área, que é uma área grande, é 1 hectare
de terra. E, um certo tempo depois, foi pedido que remetesse essa madeira — e
eu fiquei até como responsável, como fiel depositário —, que mandasse essa
madeira para Santarém, e me ligaram pedindo. Eu disse: "Olha, vocês têm
que mandar um documento, porque telefone não é documento e está na minha
responsabilidade, não posso mandar através de telefonema". Até que o chefe
mandou e houve uma pressão dos políticos lá em Itaituba que não fosse toda a
madeira, e levaram a metade da madeira para Santarém, mas eu não sei o destino
dela também. E a de Itaituba, até o ano passado, quando vi, continuava lá ao ar
livre, na área.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Durante todo esse
período em que o senhor atuou, o senhor teve oportunidade de conhecer alguma
pessoa jurídica ou pessoas físicas suspeitas de exploração de comércio ilegal
de madeira no Brasil ou suspeita de biopirataria, de uma forma genérica, que
poderiam, na sua opinião, ser investigadas por esta CPI? Essa resposta, se
preferir, pode nos enviar de forma reservada.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu quero que o senhor repita, porque eu tenho mesmo
problema de audição.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor conhece pessoas
físicas ou jurídicas sobre as quais pairem suspeitas de exploração e comércio
ilegal de madeira?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu posso mandar, o senhor disse, se eu quiser...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Pode. Na seqüência, alguém mais
inscrito? (Pausa.) O senhor teria uma semana para nos encaminhar isso, de forma
reservada, ou nos deixar aqui, logo, na reunião, em seguida, com alguém.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu prefiro mandar, porque tenho... Aí o senhor me dá o
endereço direitinho.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Muito bem.
Agradecemos ao senhor pela participação. O senhor está dispensado.
Na
seqüência, convidamos o Sr. Valmir Climaco de Aguiar a tomar assento à mesa.
Solicito ao Sr.
Valmir Climaco de Aguiar que preste o juramento, em atendimento ao art. 213 do
Código de Processo Penal.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a verdade
do que souber e me for perguntado.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Em conformidade com o art.
210 do Código de Processo Penal, fica a testemunha, o Sr. Valmir Climaco de
Aguiar, ciente de que as penas culminadas ao crime de falso testemunho, assim
descrito no Código Penal: "Art. 342. (...) Fazer afirmação falsa ou negar
ou calar a verdade como testemunha são: reclusão de 1 a 3 anos e multa".
Gostaria inicialmente de perguntar ao Sr. Valmir de Aguiar se desejaria, antes
das perguntas, de fazer alguma declaração como melhor lhe aprouver.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Não. Então, nesse sentido,
passo a palavra ao Relator, Deputado Sarney Filho.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Boa tarde, Sr.
Valmir Climaco.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Boa tarde.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Para efeito de gravação da nossa CPI, V.Sa. poderia
declinar sua profissão e ocupação atual, por favor.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Tenho uma indústria
madeireira, sou fazendeiro e tenho um canal de televisão.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - No jornal A Crítica, de agosto de 2004, V.Sa. é citado
na reportagem da seguinte maneira — vou ler só o trecho que interessa: "A
sede do IBAMA na cidade está sendo protegida por policiais militares e
rodoviários federais, principalmente depois do surgimento de boatos de que o
local poderia ser incendiado. As manifestações contra o IBAMA seriam comandadas
pelo candidato a Prefeito de Itaituba, Valmir Climaco (PMDB), multado em mais de
R$ 1 milhão por desmatamento ilegal, e Osmar Ferreira, conhecido como "rei
do mogno" na Amazônia. Climaco foi citado na CPI do Narcotráfico da Câmara
Federal como ligado ao crime organizado no sudoeste paraense. São citados
também outros: Abileno — criminoso no Estado do Maranhão, Chico Curica, Chicão
do Arquimedes, Wilmar Freire, homem de confiança dos Deputados Federais, e
Gesiel, marido de uma candidata à Vereadora. Por outro lado, a Dra. Lívia
Passos, responsável pela sede do IBAMA em Itaituba é a mais odiada pelos
madeireiros. O empresário Walmir Climaco disse que os agentes do IBAMA são
todos corruptos, que já cansou de dar propina para os mesmos. À Polícia
Federal, Valmir, indignado, diz: ‘A corrupção começa com os grandes:
superintendentes e delegados’. Valmir desafia o próprio Exército, que deveria
estar prendendo traficante no Rio de Janeiro a lhe prender: ‘Se isso vier a
acontecer vai dar nome aos bois’, desabafa Valmir Climaco. Todo esse clima na
cidade de Itaituba é por conta da disputa eleitoral, que parece não ter um
final feliz, por conta de que o candidato Valmir Climaco, do PMDB, já falou, em
reuniões com seus aliados, que só não aceitava ser derrotado por um forasteiro
como Roselito, candidato do PSDB, partido do atual Governador do Pará." Eu
sou político, nós todos aqui somos políticos, e sabemos, Sr. Valmir, que muitas
das vezes em política as pessoas usam da maldade, fazem notícias forjadas.
Então, a primeira pergunta que faço a V.Sa. é: Primeiro, essa matéria desse
jornal, A Crítica, tem algum fundamento?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - É a primeira vez que estou vendo esta matéria.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - É a primeira vez que V.S está vendo essa matéria?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Sim, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Bem, como eu já disse, esse jornal é de Manaus, não é?
A Crítica é de Manaus, é um jornal muito vendido em Manaus, se não me engano. E
esse jornal foi de sábado, não está claro para mim, mas em agosto de 2004. E é
evidente que V.Sa. poderá ter acesso a esse jornal. E pergunto: no caso
específico, o que V.Sa. pretende fazer então? Vai processar o jornal? Vai
entrar na Justiça? Vai entrar com interpelação? Qual a atitude que V.Exa. vai
tomar em respeito a essa matéria que V.Sa. está tomando conhecimento pela
primeira vez? Segundo meus parcos conhecimentos, acho que V.Sa. teria condições
de entrar na Justiça, inclusive pedindo indenizações por danos morais, porque a
matéria é muito forte contra V.Sa. Essa é a primeira pergunta. V.Sa. vai entrar
na Justiça contra o jornal? Qual a atitude de V.Sa. em vista dessa matéria?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Em primeiro lugar, vou procurar meu advogado e vou entregar
para ele. Mas, com certeza, vamos entrar na Justiça. Não tenho dúvidas.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Essas declarações que teriam sido dadas por V.Sa. ao
jornal, de que já está cansado de dar propina a membros do IBAMA e a Polícia
Federal, V.Sa. nunca pronunciou essa afirmação?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Vou começar a responder às primeiras perguntas. Em primeiro
lugar, o senhor é político, o senhor sabe que, quando é próximo das eleições,
há as perseguições. Muitos candidatos falam em cima de palanque, deixam de
falar. Mas vamos falar, primeiro, que eu — parece que aí na matéria fala —, que
eu prometi tocar fogo no IBAMA, se não me engano, alguma coisa, quebrar o
IBAMA. Segundo, moro em Itaituba há 27 anos, sou um empresário bem sucedido,
bem relacionado perante a sociedade. Nunca tive um movimento, na época da
cidade, a respeito do IBAMA, que estava fazendo sua parte em Itaituba e nunca
participei de reunião nem com o setor madeireiro na época, nem com o IBAMA.
Porque houve várias reuniões com o IBAMA, não participei de nenhuma reunião.
Quando eu soube que na Folha de S.Paulo — meu advogado viu — tinha uma matéria
parecida com essa, saiu também na Folha de S.Paulo — desse jornal, é a primeira
vez que fico sabendo —, eu mandei perguntar para saber, mandei meu advogado ir
no IBAMA perguntar qual foi o funcionário que tinha entrado com aquela
denúncia, porque parecia que tinha sido alguém do IBAMA. E lá não me
responderam. E eu entrei na Justiça pedindo que o IBAMA esclarecesse, levando
as provas da ameaça que eu tinha feito. Primeiro, que eu não fiz nenhuma
ameaça; segundo, que, na época em que o IBAMA estava fazendo essa fiscalização
em Itaituba, eles foram do lado de um projeto de assentamento, se não me
engano, uma invasão de terra de propriedade minha. O IBAMA pousou lá com o
helicóptero e deixou uma multa para mim de um milhão e poucos mil reais. Eu
recorri perante a Justiça, me defendi e provei que a multa não era minha. Acho
que já foi até definido o que aconteceu, o legítimo dono da multa. Eu não
tive... nunca dei essa entrevista aí. Lembro que falei um dia, em cima do
palanque, que o Exército poderia, por exemplo, claro, tinha que se preocupar
com o que estava acontecendo na região, até porque você sabe que o Exército, às
vezes, deixaria de se preocupar com problema, por exemplo, no Rio de Janeiro,
em São Paulo, onde matam pessoas e pessoas e há uma série de irregularidades, e
estava às vezes lá em Itaituba tomando uma espingarda de um colono — uma coisa
mais ou menos assim eu falei, mais ou menos assim. Mas não tenho nada contra o
IBAMA, da maneira que... nunca estive no posto do IBAMA em Itaituba, ameaçando,
de maneira alguma. Acho que tem de ser apurado bem isso aí. Será que uma pessoa
que prometeu ou foi — não entendi bem a matéria —, de tocar fogo no IBAMA, e
nunca fui chamado numa delegacia de polícia, nunca fui chamado pela Polícia
Federal, nunca fui chamado em canto nenhum. Acho que isso aí não passa mais do
que uma propaganda eleitoral em cima de palanque.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. possui
projetos de manejo florestal sustentável autorizados pelo IBAMA?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Primeiro, tenho uma
indústria madeireira, mas só faço industrializar, tenho uma empresa, a 3
quilômetros da beira do Rio Tapajós, e tenho uma indústria com secador. Não
vendo madeira cerrada, só vendo beneficiada. Compro madeira de quem tem projeto
de manejo, de outras cerrarias.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. não tem
projeto de manejo?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. falou que
era fazendeiro no começo da nossa reunião.
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Sim, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Quantas fazendas? Qual a extensão? Qual é a produção? O
que V.Sa. faz? Qual o sustento dessas terras? De onde V.Sa. tira o sustento
dessas terras, do gado, da madeira, da soja?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Sim, sou comerciante
em Itaituba também. Tenho uma loja de material de garimpo. Vendo motor, sou
distribuidor Agrale, MWM e outras empresas. Sou comerciante em Itaituba há 27
anos. E comprei algumas fazendas conforme ia ganhado. Tenho 4 propriedades no
Município de Itaituba.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E essas propriedades — só uma curiosidade realmente,
porque sabemos que na Amazônia o problema fundiário é grave —, estão com
domínio proprietário? A questão fundiária está esclarecida ou existe algum tipo
de questionamento sobre a propriedade dessas terras de V.Sa.?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Não. Das minhas
propriedades, 3 propriedades têm documento, título, escritura definitiva, e uma
propriedade tenho há 18 anos e tenho processos no INCRA para ser regularizada.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E essas propriedades a atividade delas é o quê?
Pecuária?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Pecuária.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Pecuária?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Agricultura também. Arroz, planto arroz.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E V.Sa. não usa da madeira tirada dessas propriedades
para sua serraria?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Não. Não. Porque
está dentro do limite. Tenho uma propriedade, tinha um projeto de manejo em meu
nome, no nome da empresa. E foi invadida pelos sem-terra — por sinal, está
correndo uma ação na Justiça, já tenho uma reintegração de posse. Essa foi
invadida.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Quer dizer que tinha um plano de manejo?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Tinha, sim, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Ah, bem. V.Sa. tinha se equivocado ou omitido. Essa
pergunta eu já tinha feito anteriormente. Esse plano de manejo deixou de
existir com a invasão do Movimento dos Sem-Terra?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Deixou. Tem uma ordem judicial que está.. houve
reintegração de posse. Aí , o INCRA, depois, mandou os fiscais...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Quer dizer que essa terra que, em determinado momento,
chegou a ser, chegou a ser autorizada pelo IBAMA a extração manejada de
madeira?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Chegou, sim, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E quanto tempo V.Sa. se utilizou dela?
O SR. VILMAR
CLIMACO DE AGUIAR - Acredito que... se não me engano, o projeto foi em 1994.
Tirei madeira até no talhão de 95. Aí houve a invasão, e foi suspensa a ...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Um ano que V.Sa
extraiu madeira. Essa é a única área extraída, realmente, de madeira que serviu
um pouco para sua atividade. V.Sa foi multado, conforme disse anteriormente, em
R$ 1 milhão. Recorreu da multa...
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Recorri.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - ... recorreu na
Justiça, recorreu internamente, depois, na Justiça, ou recorreu direto na
Justiça?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não. Recorri no IBAMA, direto no IBAMA.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Perdeu?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não. Não saiu ainda a decisão.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Está ainda em
Belém ou já subiu para Brasília?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não sei, senhor.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Está certo. Quer
dizer que V.Sa. nega, primeiro, a matéria que foi publicada no jornal A Crítica
e também afirma que a sua madeireira atua somente, evidentemente, com madeira
de procedência, de origem legal, devidamente. Essa madeireira já foi objeto de
alguma fiscalização do IBAMA?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Já. Por várias vezes.
O SR. DEPUTADO
SARNEY FILHO - E ela já foi, em algum momento, multada ?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Não. Nunca foi.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - A madeireira, não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - A madeireira,
não. Está bom, Sr. Presidente, me dou por satisfeito com as respostas do
depoente.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Bom, na seqüência, teria
algumas perguntas que gostaria de saber?
(Intervenção
inaudível)
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Pois não; no final.
A primeira
pergunta ao Sr. Valmir Climaco é a seguinte: já teve apreendido algum
maquinário das suas empresas pelo IBAMA ou por algum órgão público?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Sim.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Por qual órgão?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - A gente estava tirando madeira, a que a árvore já tinha
sido derrubada, há muitos anos atrás, há uns 10, 12 anos atrás, e nós estávamos
fazendo cerca e juntando as itaúbas para fazer estaca e fazer cerca.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - E aí o que foi apreendido?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Foi apreendido. O IBAMA apreendeu; a gente entrou na
Justiça, e foi liberado.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Apreendeu o maquinário e a
madeira?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Se não me engano, foi 1 caminhão ou foram 2, não sei.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor teve um caminhão
completamente lotado de madeira apreendido, numa oportunidade, no fim de
semana, tendo esse caminhão ficado retido na sede do IBAMA?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Sim. A gente que trabalha com exportação, por exemplo, ao
embarcar 100 metros de madeira — o porto de exportação é Belém —, estando a
1.200 quilômetros de Belém, na beira do Rio Tapajós, a 3 quilômetros da beira,
dentro da cidade de Itaituba, perto do aeroporto, a gente tira uma nota fiscal
mãe com a TPF original dos 100 metros de madeira. Os 100 metros de madeira dão
5 carretas de madeira, que tem que ser transportada da indústria à beira do
rio, para colocar numa balsa. E a balsa leva para o porto de exportação em
Belém. Nós tiramos uma nota mãe e uma TPF mãe — a nota do valor da madeira,
certinho, e tiramos, por exemplo, 6 notas fiscais de simples remessa, com a
cópia da TPF. E nós entregamos — se não me engano, num final de semana, não
posso afirmar —, na RECON, que é quem faz o transporte da madeira da indústria
para a beira do rio, e da beira do rio para o Porto de Belém. E nós entregamos
as notas. As carretas estavam carregadas, porque a carga era da própria RECON,
a empresa que faz o transporte. E o rapaz pegou as notas fiscais, colocou no
escritório e transportou uma carga de madeira, uma carreta de madeira sem a
nota. Mas as notas estavam no escritório da transportadora. E aí foi apreendida
essa madeira. O IBAMA estava de greve, se não me engano, não estava
funcionando. E nós, cheguei ao chefe do IBAMA, procurei ele, e apresentei as
notas, contei, levei a empresa, a RECON, que faz o transporte da madeira, para
se esclarecer para ele. O motorista da RECON alegou: "Ah, o IBAMA está de
greve". E eu peguei as notas, coloquei tudo lá e puxei essa carga de
madeira sem a nota.
O SR. PRESIDENTE
(Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor já extraiu ou desmatou dentro
do Parque Nacional da Amazônia?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Nunca foi multado,
portanto?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Fui multado quando houve a invasão da minha propriedade que
é vizinha ao Parque Nacional. E aí a gente entrou na Justiça pedindo a
reintegração de posse de uma propriedade que tem documento. Aí o IBAMA foi lá e
multou e nós recorremos na Justiça e ganhamos porque não fomos nós que
desmatamos.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - O senhor sabe se algum dos
seus funcionários ou preposto já fez ameaças a algum servidor do IBAMA?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - No dia 26 de agosto de
2004, saiu uma reportagem no jornal Folha de S.Paulo, que tem circulação no
Pais todo, segundo a qual o IBAMA o multou em 1 milhão e 200 mil reais por
desmatamento ilegal de 746 hectares dentro do Parque Nacional da Amazônia, no
Município de Itaituba.
Esses 746
hectares foram os hectares invadidos?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Não, essa propriedade não é dentro do Parque Nacional, que
nem diz aí, e também não é minha essa propriedade. Nós já mostramos ao IBAMA
que essa propriedade não é nossa.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Perfeito. Além disso, o
senhor teria recebido outra multa de 182 mil por manter 600 metros cúbicos de
madeira sem comprovação de origem?
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Essa madeira faz parte de onde estava essa queimada. O
IBAMA, quando me multou como dono da propriedade, ele multou com essa madeira.
Mas também foi dessa mesma madeira que estava lá.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Passo a palavra ao Deputado
Moacir Michelleto.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Sr. Presidente, Sr. Relator, senhoras e senhores,
é lógico que eu estou chegando aqui e ouvi apenas parte da explanação do Sr.
Valmir Climaco de Aguiar. Não tenho até condições porque aqui tem acusado e
acusador. Não ouvi os que antecederam a ele, a Sra. Lívia Karina Passos
Martins, nem o Sr. José Sales de Sousa, o Sr. Eurico Bezerra dos Santos. Acho que
o Sr. Valmir é o que está falando agora. Esses outros expositores já falaram?
Não tenho condições de fazer uma análise.
Mas eu
tenho, apenas, aqui, a seguinte preocupação — e quero falar disso aqui sem
conhecimento, mas apenas com intuição —, a saber: quando um jornal faz uma
crítica "Candidato a Prefeito de Itaituba é multado" e faz uma
acusação que envolve aqui um empresário e o IBAMA. E no calor inclusive, veja
bem, da disputa política, podemos ter um pouco de cuidado se na realidade isso
é verdadeiro ou não. Essa é a preocupação que eu tenho. Porque agora a quem
acusa é fácil acusar; e quem é acusado tem que se defender; tem que provar que
não é; aquele que acusou é quem tinha que provar.
Então, eu
fico preocupado com isso.
Não quero
aqui dizer que ele não esteja falando a verdade, mas com essa preocupação,
inclusive até com o Sr. Relator, cujas perguntas ouvi. Porque atacar uma
pessoa?
Acredito que
isso aqui é uma situação grave. Isso aqui envolve técnicos, a Receita Federal e
uma série de coisas, Sr. Presidente, que não poderiam ficar apenas...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO Deputado Michelleto, só um aparte porque pode detalhar um
pouco.
Quando eu
comecei a minha perguntam — V.Exa não estava aqui — comecei justamente falando
nisto: que, em época de campanhas, os jornais (Ininteligível); perguntei se ele
tinha conhecimento e se ele processou quais as matérias. Eu justamente tive
essa preocupação e continuo com ela. Só para que V.Exa. possa saber que o
Relator, em momento algum, fez acusação de natureza baseada em notícia de
jornal.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Perfeito. Eu acredito no seu bom senso. Eu sei da
sua preocupação. Acho que esta sessão está para isso. Não podemos aqui agora
julgar as pessoas.
Então, eu
não sei. Eu não tenho nem condições de fazer uma análise, Sr. Presidente,
porque eu não participei. Lamentavelmente, eu tive um outro compromisso e não
pude participar ativamente aqui. Mas eu gostaria apenas de ficar — e até o
Relator me dá esse descargo de consciência. Até ouvi a pergunta do Sr. Relator
de que o senhor vai inclusive levar a ação contra o jornal, quem escreveu essa
matéria, quem é responsável por isso, o dono do jornal ou o jornalista que fez
isso, porque isso aqui é grave. E acredite o senhor, como empresário - ouvi o
senhor dizer que mora há mais de 25 anos nessa cidade — o senhor tem um
passado, criou a sua família lá, a sociedade o conhece, mas dá a impressão aqui
de que é um bandido.
Então, deixo
a preocupação de que não seja isso aqui um fato político no momento em que
atacam V.Sa. E que esta Casa possa, de fato, ajustar, dentro do princípio da
lei e da justiça, e que não venhamos aqui tentar acusá-lo de uma coisa da qual
o senhor está se defendendo.
Mas faço
minhas as palavras do Relator de que o senhor deve entrar inclusive com uma
ação de perdas e danos porque isso aqui é gravíssimo. Estou acreditando na sua
sensibilidade, naquilo que o senhor está expondo aqui.
O SR. VALMIR
CLIMACO DE AGUIAR - Eu só queria responder ao Deputado. O jornal A Crítica não
tinha conhecimento dessa matéria. Mas essa matéria é quase do mesmo jeito da
matéria do Estado de S.Paulo. Eu procurei o repórter que fez a matéria na época
indignado porque foram tiradas vinte mil cópias desse jornal e distribuídas de
porta em porta lá em Itaituba. A Oposição se prevaleceu do caso e tomei as
providências. Ele me disse que tinha sido o IBAMA de Itaituba que tinha
passado, a Sra. Lívia. Mandei o meu advogado procurá-la para que ela lhe desse
um documento. Como o IBAMA, resguardado pelo Exército, pela Polícia Federal —
existe um quartel da Polícia Militar em Itaituba, existe uma delegacia de
polícia, existe um Fórum com vários juízes —, teve conhecimento através de um
jornal? É uma pergunta. Peço aos Srs. Deputados que façam uma investigação
profunda desse assunto. Na Folha de S.Paulo, parece que a Sra. Lívia confirma
que eu ameacei tocar fogo no IBAMA de Itaituba. Está na hora de abrir um
inquérito policial, até mesmo pela Polícia Federal, para que a Polícia Federal
venha esclarecer esse caso que está acontecendo porque quem ficou prejudicado
por essa matéria, Deputado, foi eu. Eu perdi as eleições em Itaituba por menos
de meio por cento em cima de calúnia da cúpula do partido com que disputei as
eleições aquele ano. Eu não tenho essa bagagem toda. Acredito que estamos num
País em que a Justiça funciona, o Poder Público está presente. Quem iria ser o
tubarão para mandar numa cidade onde existem todos esses órgãos? Não é bem
assim. Queria que fosse aprofundado para saber quem deu essa matéria para o
repórter. Ele alegou para mim: "Olha, o nosso jornal Folha de S.Paulo tem
advogado". O senhor coloca o seu advogado. Eu sou uma pessoa que tenho
bastante funcionário, sou bastante ocupado. Sou o maior pagador de imposto
daquele Município, tenho filha com 23 anos nascida naquela cidade, tenho um bom
relacionamento, e ficou por isso, a calúnia da política. Até mesmo os meus
coordenadores da minha campanha disseram: "Olha, tu perdeu porque tu foi
muito honesto; o outro fez tudo". Isso aí não foi tão grave. Faltando 2
dias para as eleições, como deram uns tiros não sei para onde, colocaram na rua
que eu tinha mandado matá-lo. Conversando com ele, ele riu e disse: "Na
política, tem de tudo". Eu disse: "Mas eu não faço isso".
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Nós agradecemos a
colaboração. Está dispensada a testemunha. Convidamos, na seqüência, o Sr.
Amarildo Formentini para tomar assento à mesa. (Pausa.) Convidamos o Sr.
Amarildo Formentini, após tomar assento à mesa, a prestar o juramento, em
atendimento ao art. 203 do Código de Processo Penal.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - "Faço, sob a palavra de honra, a promessa de dizer a
verdade do que souber e me for perguntado".
O SR. PRESIDENTE (Deputado Antonio
Carlos Mendes Thame) - Fica a testemunha ciente das penas cominadas ao crime de
falso testemunho, assim escrito no Código Penal, art. 342: "Fazer
afirmação falsa ou negar ou calar a verdade como testemunha. Pena: reclusão de
1 a 3 anos e multa". Inicialmente, indago ao Sr. Amarildo Formentini se,
por até 20 minutos, gostaria de, antes de receber as perguntas, usar a palavra
como melhor lhe aprouver.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Prefiro responder o que vocês tiverem a perguntar.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Está certo. Passamos a
palavra, inicialmente, ao Relator, Deputado Sarney Filho.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Boa-tarde, Sr. Amarildo Formentini.
V.Sa. já é
uma pessoa conhecida aqui nossa e tem sempre tido uma atuação no IBAMA em prol
da defesa dos interesses difusos da sociedade brasileira. Mas para efeitos aqui
da nossa gravação, V.Sa. poderia declinar a sua profissão, onde trabalhou nos
últimos 3 anos e a sua ocupação atual?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Eu trabalhei, até 2 anos atrás, até 2003, trabalhei no
IBAMA e saí em junho ou julho. Hoje sou servidor aqui da Casa, como Assessor da
Comissão de Direitos Humanos e Minorias.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa não é mais servidor do IBAMA então?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Não, eu sou ex-funcionário. Hoje, sirvo aqui à Casa.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Está aposentado do IBAMA?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Aposentado? Não, era cargo de confiança.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Era cargo de confiança.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Que o senhor me colocou na época.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Muito bem. (Risos)
O SR. AMARILDO FORMENTINI - Foi na
outra gestão, quando era Ministro?
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - É. Mas houve algum motivo específico para a sua saída?
Algum motivo de ordem de interesses contrariados, alguma coisa assim dessa
natureza que levantou algum incômodo?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Deputado, eu trabalhei na gestão IBAMA e é de
conhecimento até do senhor, eu participei da outra, eu tentei colaborar com
outra CPI, que o senhor foi Relator, se não me engano. E todo mundo sabe, eu
fiz, eu multei aquele Prefeito de Porto de Moz, multei não, eu coordenei uma
operação lá na região e aí eu fui exonerado, já no final do Governo anterior,
em novembro. Aí fiquei de voltar, voltei 3 meses nesse novo... porque trabalhei
na região de Santarém, com contrato do PENUDI, dizendo eles que eu iria, que
eles iriam me dar um DAS na região. Aí eu fiz uns trabalhos lá e recebi a
notícia que eu não voltaria mais.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Então, só para efeitos aqui, para a gente poder clarear
mais um pouco: V.Sa. debita a causa da sua saída à ação feita contra esse
Prefeito, essa Prefeitura? Teria sido esse o motivo da saída?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Na época, todo mundo sabe disso, que foi. Foi isso aqui
na, na... Por intermédio, eu não tenho prova, eu tenho que falar o que tenho...
Eu sei que... assim que eu...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Quero dizer a V.Sa. que estou muito à vontade, pois eu
não era mais Ministro nessa época. Então, estou muito à vontade nesse caso.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Não, eu também estou sendo muito sincero. Agora, nesse
último trabalho meu, recebi um telefonema, mas não tenho prova disso. Então, eu
só posso dizer o que eu tenho prova, Deputado. Eu fui multar um Prefeito, sim,
lá da região de Santarém, e aí disseram que não seria, não era legal ter
multado o cara que tinha influência e tal e essas coisas. E eu respondi que
estava ali para cumprir a lei. A lei não constava esse tipo de... é... não
constavam esses acordos. Mas eu não tenho... eu recebi um telefonema, né? Mas
não tenho prova disso.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - É, mas essa pessoa que lhe telefonou, ela, ainda hoje,
é servidora do IBAMA? Exerce cargo de chefia?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Quem me telefonou foi o Edson de Gilé, lá de Belém. Eu
não sei se ele ainda está no IBAMA, entendeu? Foi ele que me telefonou.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Muito bem.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Usando nome de pessoas de Brasília.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. encaminhou diversas denúncias relativas à
exploração e ao comércio ilegal de madeira e à biopirataria de uma forma
genérica no Estado do Pará. Desculpe, vou reformular minha pergunta. V.Sa.
encaminhou uma denúncia ou diversas denúncias relativas à exploração e ao
comércio ilegal de madeira no Estado do Pará. Essas denúncias foram
encaminhadas a alguma Comissão da Câmara dos Deputados?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Foi encaminhada à Comissão de Meio Ambiente, à Comissão
da Amazônia, à Procuradoria Geral da República, ao Gabinete da Ministra e ao
Presidente do IBAMA.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E o que ocorreu então? Qual foi o resultado dessas
denúncias?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Até agora, o que está ocorrendo é que fui convidado para
dar meu depoimento na CPI.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Esta aqui é a primeira reação a essas denúncias?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É o primeiro lugar que estou me apresentando para
esclarecer.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E o Ministério Público não se pronunciou ainda a
respeito dessa denúncia?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Até hoje não. Só em relação ao Senador Ademir Andrade, na
época em que fiz a denúncia.
O SR. DEPUTADO
SARNEY FILHO - V.Sa. poderia descrever de maneira sucinta um resumo dessas
denúncias, só para a gente ter uma idéia do que se tratava?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Deputado Sarney, eu posso descrever o que está
acontecendo hoje, o que estou vendo aqui e o que tenho provas, que até faz
parte da... Eu conversando com o Sales, gravei a conversa, com a Lívia também,
e vou expor o que aconteceu. O chefe da fiscalização de Santarém me procurou,
eu já não estava mais no IBAMA lá em Belém, e ele me disse: "Amarildo, vê
o que você pode fazer pela Lívia. Ela está sendo ameaçada de morte, ela está
desesperada e tal." Eu falei: "Eu vou ligar para ela e ver o que está
acontecendo. Eu vou a Brasília na outra semana". Foi onde eu liguei para
ela, conversei com ela, gravei a conversa, com ela e com o Sales também, para
confirmar todo... Foi quando eu vim a Brasília, juntamente com o Deputado Babá,
fui até a Ministra do Meio Ambiente e entreguei a ela, mostrei a ela, expliquei
tudo que estava acontecendo. Disse que era grave e que ela, se fosse possível,
tomasse as providências. Hoje, tive a feliz notícia de que ela já foi
transferida. Até então, eu não sabia.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - A Lívia foi transferida?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Mas, a rigor, as denúncias... Quais eram as denúncias?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - As denúncias, eu gostaria muito que vocês pudessem depois
ouvir. Tem aí o CD, que depois eu vou entregar oficialmente. É ela dizendo
sobre a ameaça que um empregado seu, o Valmir Climack, estava ameaçando ela de
morte. Outra denúncia foi que o Sr. Eurico Bezerra liberou um caminhão de
madeira e que ele está lá, que tinha mais de 1 ano que ele tinha sido
transferido e não ia embora para Belém e as multas que foram extraídas do
IBAMA, que foram tiradas do IBAMA.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - V.Sa. tem outras denúncias relativas à biopirataria, à
extração ilegal de madeira?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Tem. Está até no relatório. Eu tenho outras mais. Eu
gostaria de, no final, entregar, oficializar a entrega.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - E pessoalmente, V.Sa. já recebeu alguma ameaça de morte
em razão dessas denúncias, alguma ameaça de qualquer natureza?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Já recebi. Na época, o senhor sabe muito bem, inclusive o
rapaz foi comigo daqui da Polícia Federal, aquele caso da Bahia. Ele até agora,
há uns 6, 7 meses, já mandou um chaveiro para mim dizendo com uma banana e um
abacaxi, que estava, que é o caso daquele... Eu não me lembro do nome dele
agora, que esteve aqui na outra CPI, já foi embora da Bahia. E na época sempre
a gente recebia...
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Era a questão do pau-brasil, que exportava para fazer
instrumentos musicais?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É isso mesmo. Eu me lembro o nome do rapaz. A qualquer
momento, vou me lembrar. E lá no Pará, a gente sempre recebia telefonemas,
sempre só ameaçando ou intimidando.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Então, coloco-me aqui, eu, como Relator, à sua
disposição para, na oportunidade que achar mais conveniente, a gente receber
essas denúncias pormenorizadas e junto com a assessoria, verificarmos o que se
pode tirar dessas denúncias.
No entanto,
se houver alguma denúncia de caráter de urgência, alguma denúncia que V.Sª
acredite que seja importante para os trabalhos da Comissão e que deseje fazê-lo
em caráter sigiloso, o Presidente já demonstrou sua inteira boa vontade para
que isso ocorra.
Dessa forma,
Sr. Presidente, sinto-me satisfeito com as respostas, já que vamos ter
oportunidade de ainda de ouvir essa fita. Não sei se hoje, mas vamos ouvi-la
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É pequena. Dá 9 minutos.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - É 9 minutos. Então, Sr. Presidente, minha sugestão, se
os demais Deputados concordarem, é ouvirmos a fita.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Estou plenamente de acordo.
Antes,
gostaria de saber se o Deputado Moacir Micheletto tem mais alguma pergunta.
(Pausa.)
Então, vamos
ouvir a fita. (Pausa.)
(Audição de
gravação)
O SR. AMARILDO FORMENTINI - Alô.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Alô.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Oi, Lívia?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Oi, tudo bem?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Tudo bem, querida. Como é que você está?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS -Tudo ótimo.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - E aí?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Tudo bem. Tudo tranqüilo. Deixa eu te falar uma coisa. Me
diga uma coisa: Me explica tudo isso aí, que não deu para a gente conversar
esses dias aí. Você está podendo falar aí agora?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Estou.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Está? Me conta aí esse negócio que está rolando sobre
algum documento que você emitiu, foi sobre o quê?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, foi porque eu fiz uma apreensão de um caminhão de
madeira do Valmir ano passado, em novembro, eu acho.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Em nome de quem?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Climaco.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Tá. A firma, como é o nome da firma?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Madeireira Climaco.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Tá.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É o mesmo que você apreendeu, lembra?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Sim, lembro.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Aquele mesmo. E aí era madeira serrada. Estava sem a
TPF. Aí eu prendi caminhão e fui para o parque, para resolver um problema lá de
água, outra coisa. Quando eu voltei, o caminhão...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Lá no parque, não é?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É. No Parque da Amazônia. Quando eu voltei, o caminhão
tinha sido liberado.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Não foi feita multa nenhuma?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Nada porque ele liberou o caminhão na cabeça dele e...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Quem foi?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O Eurico Bezerra.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O Eurico Bezerra. Ele nunca me justificou nada, nunca
me falou nada sobre isso, sobre por que ele liberou, o que houve. Nunca, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Você chegou a perguntar a ele?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, ele não fala comigo não. Até hoje, ele não fala. E
aí ia perguntar o que já sabia, não é? O motivo que tinha liberado, não é? E
aí, quando cheguei, fiz o documento e coloquei para Brasília, dizendo que ele é
ex-chefe de escritório, que é o que ele é, ele não é mais chefe de escritório e
ele fica interferindo no trabalho do Parque Nacional, não é? Todo tipo de
trabalho de fiscalização do Parque ele interfere. Então, cria uma imagem dúbia
no IBAMA.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - E ele mora até hoje numa casa dentro do IBAMA, aquela
casa ali do lado. Mesmo sem ser chefe, sem ser nada, mas ele mora até hoje. Tem
1 ano e meio, quase 2 anos que ele, porque, no momento em que ele é exonerado
do cargo de chefia, ele tem que voltar para a lotação de origem, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É, com certeza.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - E tem quase 2 anos, ele já recebeu passagem, já recebeu
tudo e não sai daqui. E a conversa que eu ouço é que ele não quer sair daqui
mesmo e não vai sair.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Ele é compadre desse rapaz aí, desse Valmir?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ele é o quê?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Você sabe se ele é compadre desse Valmir? Que eu soube
que, de repente, ele é compadre desse cara aí, do Valmir?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ah, não sei.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E aí (ininteligível) ele falou, o documento foi? Você me
disse que o documento tinha ido.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Aí o documento foi para a gerência e o outro documento
foi para Brasília, para a DIREC, que é a Diretoria de Parque Nacional.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E aí?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - E aí eu não sei o que aconteceu. Ele está com o
documento aqui, o original aqui, que Sales me disse, porque ele é assinado por
mim e por ele. Eu mandei o documento, eu assinei. Sales também assinou, que é o
chefe. E aí eu não encontrei com ele ainda porque ontem teve invasão aqui no
escritório por causa da demarcação e eles apreenderam o pessoal e eu fiquei do
lado de fora, não entrei. Eu vou encontrar com ele hoje, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo. Agora, esse documento retornou?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Pois é, o documento está com ele, retornou para ele.
Agora, eu não sei... O da gerência, eu mandei 2: 1 para, porque 1não tinha
chegado, que eu mandei pelo Correio. E aí eu sei que 1, ele estava lá ontem em
Santarém, 1 está lá, que eles abriram um processo lá. Parece que vai ter
sindicância. Eu não sei.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Agora, eu te pergunto o seguinte: Você falou que tem um
negócio, um lance dos advogados que estavam reclamando contigo também. Qual é o
lance aí, o negócio das multas? Como é que funciona isso?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ah, não, isso aí é outra coisa. Os advogados daqui
estão reclamando que as multas aqui estão sendo apagadas.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Então, eles eram contratados para defender madeireiras,
estão sendo, ninguém quer mais contratar porque...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Porque aí mesmo mata a multa.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, aqui não porque aqui não escreve a multa. Ou é em
Santarém ou é em Belém.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - (Ininteligível.)
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Puta que pariu. Que negócio chato, não é, cara? Outra
coisa, e esse mogno que tinha aí?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O mogno, o apreendido?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É. Está ainda aí?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Está. Uma parte está aqui e outra parte o Pastana levou
para, porque o IBAMA entrou em acordo com uma ONG aí para doar. Enfim, ele
levou uma parte.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo. Outra coisa, me diz uma coisa: E o negócio da
ameaça? Como é que foi aquilo? Como é que começou?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, aí era o, o administrador desse Climaco que mandou
os recados para mim através de uma pessoa da Prefeitura, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Dizendo que eu não viesse a trabalhar com essa
velocidade toda não, que a coisa, o ritmo era outro e que ia me dar uma lição,
se eu continuasse nesse ritmo, ia me dar uma lição e funcionária pública ele ia
transferir.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Certo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ele já estava fazendo os contatos dele, que aqui eu não
ficava, não sei quê, não sei quê, que ia me dar uma lição e depois me
transferia.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E quem é o cara da Prefeitura?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Eu me esqueci o nome dele agora porque...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Você pode falar o nome?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, eu esqueci o nome dele agora porque tem 2 meses
que eu não estou aqui. Eu esqueci o nome dele, mas é fácil eu... É Edmilson, Edmilson.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Edmilson? Tá.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É, mas eu...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Quer dizer que veio desse Valmir Climaco mesmo?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Pois é, veio do administrador dele, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É, não veio dele diretamente. Então, eu não sei se...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Você sabe o nome desse administrador?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, mas eu tenho como conseguir para você. É que eu
esqueci agora, mas eu tenho como procurar saber.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E aí você acha que... Eu te pergunto o seguinte: Você
acha que é legal você continuar aí, cara? Eu, na minha percepção, você tem que
sair daí urgente. Não tem não?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Pois é, eu acho... Aqui é terrível, não é? Aqui é
terrível.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Você está conseguindo dormir direito aí?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Olha, eu cheguei ontem aqui porque minha idéia era
passar um tempo em Santarém, até essa sindicância rolar, entendeu, para não vir
bater direto aqui. Mas aí rolou esse problema ontem e Sales pediu para que eu
viesse para cá porque os colonos estavam aqui dentro e tudo. E eu voltei ontem
para cá.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E quando começou essa ameaça contigo, aí?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Foi no ano passado, em dezembro.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Dezembro do ano passado.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Foi.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E o que... Você falou aí, o que o rapaz diz é que você
tem que sair. Como é o negócio? Você falou aí, eu acabei esquecendo.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, que o cara mandou o recado pela menina que eu
estava fazendo com um ritmo completamente diferente, tentando mudar o IBAMA
daqui, que não é bem assim, que o ritmo daqui é outro e que ou eu ficasse na
minha ou então eu, ele ia me transferir. Que primeiro ia me dar uma lição e
depois ia dar um jeito de me transferir, porque funcionariazinha pública
simplesmente transfere.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É. Com certeza. Pior que é assim, não é? Eu estou nessa
aí. Eu paguei caro por isso, não é? Porque na época que... Por incrível que
pareça, foi a última operação que eu fiz foi aí. Você lembra?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Lembro.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - E a partir daí, o (ininteligível) morou num... E você
lembra que ele foi no aeroporto atrás de mim lá fazer ameaça e me oferecer
vantagem? Você lembra, você estava naquele dia que ele foi lá?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, eu não estava no aeroporto não, mas eu lembro que
você comentou comigo.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É, certo. Princesa, eu vou a Brasília, entendeu? Eu vou
correr atrás...
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - O problema maior que eu acho que ele fica com
preocupação é que o nome dele está na CPI do Narcotráfico, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É desse Valmir, não é?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É. Mas não é só com madeira que ele mexe, entendeu?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É. Com certeza. Agora, eu...
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Como ele é candidato a Prefeito aqui...
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Ele vai ser candidato a Prefeito?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Vai.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É, não é?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Ele que está botando os bois, ele que deu churrasco
para o povo entrar na colônia porque tem área dele dentro do parque, não é?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Ah, tá. Deixa eu te falar. Você acha que ele está por
trás dessa invasão aí do IBAMA?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Tá, ele que tá. Todo o mundo sabe que ele que tá. Ele
botou boi, ele financiou boi.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - É.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - É. Tá se aproveitando porque é candidato.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Puxa vida! Olha, eu vou te dar uma opinião. É o seguinte:
Nós temos duas, vou te ligar e vou ver qual é a melhor, tá? Ou é a Procuradoria
da República - você entendeu ? - que é o melhor caminho. É o caminho que a
gente tem... Isso daí teria que a gente entrar em contato, você entendeu? Essa
Procuradoria da República... E, querida, daqui a uns dias você vai, aí vai
ficar nós aí chorando que nem uma pessoa que tentou mudar uma história também.
Eu ainda estou fora disso aí, né, porque eu agora estou a fim de
(ininteligível), mas já fui muito ameaçado, muito... Esse tipo de ameaça sua
era cafezinho para mim, tá? Então, vou conversar com o pessoal da Comissão da
Amazônia, vou conversar com o Procurador da República e outras pessoas mais e
depois eu te dou uma ligada. O que está acontecendo com você é grave. Você tem
que urgentemente tomar um rumo, sair daí urgente. Esse pessoal não brinca não.
Ou o órgão que a gente defende aí tomar uma providência. Tá bom assim? Vou
conversar e à noite eu te ligo e te falo como é para agir, como é que eu pude
mexer para te ajudar aí, tá bom?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Tá bom. A gente conversa então. Obrigada, Amarildo.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Nada. Eu que agradeço e espero que a gente resolva isso,
mais um... Herói morto, acho que não é legal isso.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não, não é legal não. A gente se fala então.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Mas não deixe de ser a pessoa que você é não. Continue aí
com honestidade, com garra, que você vai chegar lá. Tá bom?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Tá bom. Até já, Amarildo. Um abraço.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Um abraço, Lívia. Fique com Deus. Tchau.
O SR.
PRESIDENTE (Antonio Carlos Mendes Thame) - Há mais uma gravação ou é só essa?
(Intervenção
inaudível.)
O SR. PRESIDENTE (Antonio Carlos Mendes
Thame) - Está bom. Perfeito.
Com a
palavra o Relator, Deputado Sarney Filho.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Sr. Presidente, na realidade, eu estava aqui discutindo
com a nossa assessoria. Há alguns pontos ainda não muito esclarecidos a esse
respeito.
É lógico
que, ao contrário do que possa se pensar, não vejo necessidade de uma acareação
entre os depoentes, mas talvez seja o caso de nós chamarmos a Sra. Lívia para
que ela nos declinasse o nome do diretor que fez essa ameaça, para que ela
pudesse nos detalhar um pouco melhor a questão da liberação do carregamento de
madeira, e também, Sr. Presidente, chamássemos o Eurico. O Eurico é o do
parque?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - José Sales é do parque.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Eurico Bezerra é o que liberou... Para que ele também,
no caso, nos esclarecesse um pouco mais sobre essa própria liberação. Parece-me
que aí que está essa grande confusão: é sobre a liberação e sobre a ameaça.
Então,
talvez fosse interessante que se esclarecesse esse episódio aqui hoje.
Também, Sr.
Presidente, se V.Exa. achar que essas perguntas possam ser respondidas por
escrito, também de minha parte não vejo nada de mais. Mas já que estão todos
aí, era bom que a gente pegasse agora o depoimento e concluísse de uma vez por
todas essas questões, inclusive mantendo a presença do Amarildo.
Poderíamos
ouvir os 2 juntos, e o Amarildo continuaria aí. Pediria só esclarecimentos
rapidamente.
Mas,
evidentemente, fica só como sugestão.
O SR.
PRESIDENTE (Antonio Carlos Mendes Thame) - A sugestão é aceita.
Nós vamos
convidá-los a voltar ao plenário para esta última participação.
Com a
palavra o Deputado Moacir Micheletto.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Sr. Presidente, acho que também ficaria numa
complementação do que o nosso Relator colocou.
Mas queria
fazer algumas observações aqui. Parece-me que o Amarildo podia me esclarecer. O
caminhão apreendido é de uma madeira daquele cidadão que saiu agora há pouco
daqui, não é isso?
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Do Sr. Valmir Climaco.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - O Sr. Valmir.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Só uma questão de esclarecer. Desculpe aí que tomei à
frente do senhor. Para esclarecer, é o seguinte: essa madeira não foi de uma
operação que eu participei. Eu coordenei a operação junto com eles, mas
anteriormente o Sr. Valmir Climaco foi um dos infratores.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Sim, mas a Lívia foi quem prendeu o caminhão.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Foi a Lívia que prendeu.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - E segundo as informações que tenho, que ele deu aqui
— se eu tiver errado, corrijam-me os senhores — de que essa madeira era uma
madeira já derrubada, caída. Ele não derrubou. Não sei se é isso.
O SR.
AMARILDO FORMENTINI - Não, é da minha operação ele quis dizer que foi multado.
Ele faltou com a verdade, com certeza.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Tá.
Eu tenho
duas observações da entrevista. Eu gostaria até que fosse esclarecido.
Parece-me que o Relator foi prudente nisso. Não sei também se haveria condições
de trazer aqui, mas a Lívia é uma peça importante. Eu não assisti inclusive a
exposição dela.
Mas eu
gostaria de fazer aqui duas observações. Eu vi, não sei se o Amarildo que
colocou ou foi lá na entrevista, que a madeira apreendida, parte dela foi
negociada com uma ONG, não é isso? Como é essa transição, essa venda? Quer
dizer, ela é apreendida; depois, quem vende? Não sei se nós poderíamos até
averiguar essa transação porque é uma transação econômica, é dinheiro público,
é funcionário público que está fazendo.
Faço essa
observação e até se o Relator pudesse até me corrigir. E me rendo até à
observação do próprio Relator porque a gente ouve aí de que tem ONGs honestas e
ONGs desonestas e que tem funcionários honestos e desonestos. Estou tentando
ver essa transação aqui.
E uma outra
coisa que me chama a atenção aqui: Como é que pode um funcionário ser demitido
e estar morando inclusive numa residência oficial do próprio Ministério, ainda
continua e mandando e até ameaçando inclusive esta funcionária?
Não sei,
Deputado Sarney, se essas observações são coerentes ou não.
O SR.
DEPUTADO SARNEY FILHO - Perfeitamente coerentes.
O SR.
DEPUTADO MOACIR MICHELETTO - Eu acho que são coisas importantes aqui. No
aspecto administrativo, não é legal alguém que não é mais funcionário morar
numa casa que inclusive aquele que substitui deveria estar morando. E eu
gostaria de saber um pouquinho como é essa transação feita da madeira
apreendida, parte dela fica no IBAMA e parte dela é negociada com uma ONG. Eu
gostaria até que, se pudesse, nós averiguássemos isso para uma questão mais
administrativa.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Antonio Carlos Mendes Thame) - Antes da resposta, eu vou
solicitar ao Deputado Sarney se pode assumir por alguns momentos a Presidência
porque eu estou sendo chamado para uma rápida intervenção lá no plenário e
volto em seguida.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Meu caro Deputado Micheletto, essa questão
que V.Exa. levantou sobre a doação desse mogno, foi uma questão realmente que
durante quase 1 ano foi objeto de uma ampla discussão, inclusive objeto de
denúncias. O próprio IBAMA, os próprios funcionários do IBAMA fizeram uma
denúncia contra essa modalidade, contra esse tipo feito de doação. Foi uma
doação feita... Ela tem cobertura legal, é possível fazer legalmente, mas houve
questionamentos muito importantes a respeito disso.
Portanto,
concordo com o requerimento já feito por V.Exa. para que a gente possa ter um
esclarecimento maior a esse respeito.
Essa é uma
outra questão também muito importante que diz respeito à apreensão desse
material ilegal, da madeira, por exemplo, em que muitas das vezes o fiel
depositário é o próprio contraventor. Isso ainda existe e é realmente uma
contradição, é uma coisa que precisa.
Outra
justamente é essa. A lei permite que se doe a organizações não governamentais,
a sindicatos e àquelas entidades aptas a receberem recursos, no caso, e, em
geral - nós detectamos isto na outra CPI - isso pode também ser uma espécie de
lavagem de madeira ilegal porque passa para uma ONG que não tem estrutura
nenhuma e ela imediatamente revende para o próprio madeireiro que foi o autor
da ilegalidade.
Isso é muito
importante, e acho que nós devemos em uma outra oportunidade ir em cima disso.
Então,
pediria à assessoria da Comissão que trouxesse imediatamente todos aqui. Vamos
chamar o Eurico Bezerra dos Santos e a Lívia Karina Passos Martins.
Queríamos só
mais alguns esclarecimentos. Nós não vamos fazer nenhum tipo de acareação, essa
coisa toda.
Então, a
primeira pergunta que ficou — e, depois, Deputado Micheletto, se tiver ainda
alguma falha aqui, algum esclarecimento, a gente pode fazer juntos aqui — a
relação entre o Sr. Eurico e o Sr. Valmir. Qual é a relação, na realidade, que
existe entre os senhores?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Agora no depoimento, é a relação de trabalho. Eu não tenho
outro relacionamento. Tanto que em sete anos e meio em Itaituba, eu
praticamente vivia dentro da minha casa de segunda a segunda com minha esposa.
Não freqüentava bares, não freqüentava bailes, vivia diretamente, praticamente
na minha casa. Não recebia convite para festa, para aniversário, para nada
disso.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Eu gostaria, Sr. Eurico, que o senhor pudesse
clarificar um pouco mais aquela, a liberação daquele carregamento de madeira.
Então, só para a gente ter uma noção, como é que foi feita essa liberação?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Como eu falei, o IBAMA estava numa greve nacional e
tínhamos acertado que iria paralisar tudo, iria paralisar a fiscalização, iria
paralisar o serviço interno. Tudo seria paralisado lá. E também falei que pela
primeira vez nós aderimos a uma greve em Itaituba. Quando foi no sábado - eu
morava na casa do IBAMA, que fica ao lado do escritório - chegando em casa,
tinha uma carreta apreendida com madeira. Apreendida não, estava parada lá
dentro, mas sem o cavalo inclusive, porque, quando se apreende, se apreende com
tudo, com carreta, cavalo. Cavalo a gente chama aquilo que puxa a carreta. Daí
a cinco minutos, chegou o rapaz, o motorista da carreta com o documento.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Chegou no cavalo?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - No cavalo.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Cavalo, no caso, é a boléia?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - É a boleia. E eu vim buscar a carreta com a madeira que
foi apreendida aqui. A Lívia pediu que deixasse aqui, porque não tinha
documento, mas como a madeira é de exportação e nós já tínhamos levado...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Era mogno a madeira?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não, em Itaituba não tem...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Não tem mogno.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não. E eu vim pegar a madeira, porque nós estávamos com o
documento lá na firma que faz o transporte, a transportadora, porque não era
para sair nesse horário e agora adiantou a balsa para sair. Aí eu fiquei...eu
disse: Mas rapaz... Ele disse: "Não, ela pediu para eu trazer." Eu
disse: Cadê a Lívia? Ele disse: "Ela foi lá para o parque." Tá bom. É
como eu lhe falei ainda agora: uma cidade pequena, todo mundo se conhece, com
TPF, com nota fiscal, quer dizer...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - E o senhor conhecia o motorista do
caminhão, o proprietário?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - O motorista de caminhão é funcionário da empresa de
transporte, não era da serraria.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Certo, da empresa de transporte.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Da empresa de transporte. Aí apresentou lá os documentos:
TPF, nota fiscal.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Apresentou os documentos?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Apresentou. Aí eu mandei que engatasse o cavalo...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Agora, o senhor ainda estava como
funcionário do escritório do IBAMA ou não?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu sou funcionário do IBAMA.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Mas desse escritório do IBAMA lá?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Eu ainda permanecia lá como servente lá em Itaituba.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Lá nesse escritório?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Lá porque eu continuava assinando o meu ponto lá em
Itaituba, prestando serviço lá em Itaituba.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Daí o motivo por que continuava morando
também no imóvel do IBAMA?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Também. Justamente.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Porque o senhor estava locado lá.
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Estava lá. Porque, quando eu saí de lá, quando me tiraram
do cargo, levaram acho que uns 2 anos para nomear um outro chefe.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Aí o senhor ficou respondendo?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não, não fiquei.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Ficou lá como um funcionário normal? E não
tinha retornado para Belém porque não tinha sido chamado, não tinha cargo? O
que aconteceu?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - É porque faltava mandar as minhas passagens, mandar buscar
a minha mudança e tal. Eu fui aguardando que fosse feito isso.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Enquanto isso, ficou assinando um ponto
lá?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Lá em Itaituba. Eu só voltei a assinar ponto em Belém a
partir do dia 22 de abril.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Os documentos que motivaram a liberação
dessa madeira apreendida ficaram no IBAMA, foram apresentados? Tem cópia disso?
Num processo de liberação não fica...
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Não porque não foi feita autuação de nada.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Não tinha sido feita a autuação?
O SR. EURICO
BEZERRA DOS SANTOS - Nada, nada. Apenas ficou lá retido. Não foi feito
autuação, não foi feito multa, não foi feito nada.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Está certo.
Vamos falar
agora com a D. Lívia.
Sra. Lívia
Karina Passos Martins, esse carregamento de madeira de que nós estamos falando
foi apreendido pela senhora? Ele foi simplesmente apreendido? Qual foi o
procedimento legal usado nessa apreensão?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Porque é assim: No momento em que você paralisa um
caminhão e você pede a documentação, se ele não apresentar a documentação no
ato da fiscalização, a documentação que é apresentada posteriormente não tem
validade. Porque, no momento em que o caminhão está passando pela cidade,
precisa ter uma documentação para acobertar aquele material ali. Então, quando
foi feita a fiscalização, o motorista da RECON não apresentou nenhum tipo de
documentação para a cobertura daquela madeira que estava ali. Portanto, mesmo
que ele apresentasse posteriormente, caberia a multa do IBAMA. Entretanto,
quando eu coloquei o caminhão dentro do pátio do IBAMA, eu tive que sair para
poder consertar o problema da água do parque. Quando normalmente acontece isso
no final de semana e Sales seria o chefe do parque, nesse período em que eu fui
no parque e retornei à cidade não tinha mais nenhum caminhão. Então, não tinha
como eu fazer nenhum auto de infração porque toda a prova já tinha sido
liberada.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - No que diz respeito à ameaça da ligação,
da gravação que nós ouvimos, quem foi o diretor que fez essa ameaça?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Na verdade, foi o gerente da empresa Climaco. Ele
trabalha também na Prefeitura. Não foi uma ameaça direta. Ele fez comentários
dentro da Prefeitura que não entendia por que eu estava fiscalização...
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Comentários que foram ouvidos por pessoas
que levaram ao seu conhecimento?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Que me levaram. Então, ele não fez nenhum comentário
diretamente para mim. As pessoas da Prefeitura comentaram comigo que ele estava
muito chateado, qual era o problema que eu estava perseguindo esse ou aquela
outro empresário da madeira e questionando por que seria, o que me prendia a
fazer aquilo, se eu teria alguma costa quente aqui em Brasília ou algum
Deputado que pudesse me acobertar. Mas, na verdade, eu apenas estava fazendo o
trabalho de fiscalização, que foi ele, mas poderia ter sido outro, como foram
outros. Esse foi o comentário feito por pessoas da Prefeitura que chegaram ao
escritório de Itaituba. Nunca houve nenhuma ameaça direta nem do Climaco, nem
do Eurico, nem desse próprio gerente para minha pessoa diretamente.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Aquelas afirmações contidas na reportagem
do jornal A Crítica, a senhora tem conhecimento se elas foram procedentes, as
declarações de que o Sr. Climaco... Aqui não diz na matéria, claramente que o
Sr. Climaco responsabilizou ou fez algum tipo de ameaça. Mas aqui diz assim:
"Por outro lado, a Dr. Lívia Passos, responsável pela sede do IBAMA em
Itaituba, é a mais odiada pelos madereiro. O empresário Valmir Climaco diz que
os agentes do IBAMA são todos corruptos."
A senhora tomou conhecimento dessa declaração
dele sem ser por jornal?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Pela cidade?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Nunca tinha tomado?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Eu me dou por satisfeito de todas as
perguntas aqui.
Só para
registro porque foi me lembrado agora: Na sua opinião, o Sr. Eurico tinha
competência administrativa para liberar essa madeira?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Profissionalmente, ele precisaria sentar junto comigo
para discutir a liberação ou não da madeira, administrativamente porque ele não
era chefe do escritório regional, hierarquicamente, não tinha nenhum posto mais
elevado do que o meu. Como fui eu a responsável pela apreensão da carga, pelo
menos, ele teria que discutir comigo o porquê da liberação da madeira.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - E também essa matéria do A Crítica não
houve, já que a senhora não teve conhecimento dela na cidade, não poderia ser a
senhora que teria dado essa informação ao jornal?
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - O Sr. Climaco achou que a senhora que
tinha dado essas informações para o jornal.
A SRA. LÍVIA
KARINA PASSOS MARTINS - Não. Eu até já conversei com ele inclusive lá em
Itaituba. Não é, Sr. Antunes? O advogado dele, Sr. Antunes, me questionou que
eu poderia ter dado uma declaração, mas, em momento algum, saiu informação lá
do escritório sobre isso.
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Muito bem.
Eu libero
todas as testemunhas e agradeço a colaboração a todos.
Se
porventura esta Comissão achar que precisa de informações posteriores e
complementares, eu pedirei novamente a intervenção de qualquer um aqui.
Todas as
testemunhas estão dispensadas.
(Pausa na
reunião.)
O SR.
PRESIDENTE (Deputado Sarney Filho) - Dando prosseguimento à nossa reunião,
passamos à Ordem do Dia.
Apreciação
de requerimentos.
Requerimento
nº 55/05, da Sra. Deputada Maria Helena, que solicita sejam convidados
representantes da Organização OSCIP Amazon Conservation Team e da empresa
Amazon Trust Found para participar de reunião de audiência pública neste órgão
com o objetivo de discutir a questão da biopirataria, objeto desta Comissão.
Em
discussão. (Pausa.)
Não havendo
quem queira discutir, em votação.
Aqueles que
forem favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado o
requerimento.
Requerimento
nº 56/05, da Sra. Deputada Maria Helena, que solicita seja convidado o
Presidente da Fundação Nacional do Índio para participar de audiência pública
neste órgão com o objetivo de discutir a questão da biopirataria, objeto desta
Comissão.
Em
discussão. (Pausa.)
Não havendo
quem queira discutir, em votação.
Aqueles que
são favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento
nº 57/05, da Sra. Deputada Thelma de Oliveira, que solicita seja convidado para
prestar esclarecimentos acerca dos fatos relacionados como objeto desta CPI o
Sr. André Lima, advogado do Instituto Sócio Ambiental - ISA.
Em
discussão. (Pausa.)
Não havendo
quem queira discutir, em votação.
Aqueles que
são favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Requerimento
nº 58/05, da Sra. Deputada Thelma de Oliveira, que solicita seja convidado para
prestar esclarecimentos acerca dos fatos relacionados com o objetivo desta CPI
o Sr. Gilberto Câmara, engenheiro eletrônico especialista em geoinformação.
Em discussão.
(Pausa.)
Não havendo
quem queira discutir, em votação.
Aqueles que
são favoráveis permaneçam como se encontram. (Pausa.)
Aprovado.
Existe o
requerimento da Sra. Deputada Perpétua Almeida que requer quebra do sigilo
bancário, telefônico e fiscal do Sr. Valdemir Kramer. Como se trata de um
requerimento de quebra de sigilo e como não se encontra presente a autora do
requerimento, de ofício, retiro-o de pauta e fica para a próxima sessão
deliberativa.
Agradeço a
presença a todos os senhores, às testemunhas, aos assessores, e convoco reunião
para o próximo dia 6 de abril, às 14h30min, no Plenário nº 10.
Está
encerrada a presente reunião.
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