A Polícia Civil apresentou nesta segunda-feira, 6, em coletiva na Delegacia Geral, em Belém, os irmãos Antonio Bernardo dos Santos Pereira, conhecido como "Tonho", e Genival dos Santos Pereira, o "Jhone", acusados de serem os executores da chacina no assentamento da Fazenda Estiva, zona rural de Conceição do Araguaia, sudeste paraense, em 16 de fevereiro deste ano. O crime teria sido motivado por disputa por lote de terra entre ocupantes. Os presos são naturais do Piauí. O casal de agricultores Leidiane Souza Soares, 30 anos, e Washington Miranda Muniz, 42, e seus filhos Júlio César Souza Muniz, 11, Wesley Washington Souza Muniz, 15, e Samylla Letícia Souza Muniz, 12, e o sobrinho do casal, Matheus Sousa Barros, 14, foram mortos a golpes de facão e tiros.
A família
vivia em um lote disputado por dois irmãos, conhecidos como "Oziel" e
"Oliveira", que teriam abandonado a área, mas estariam querendo o
terreno de volta. Segundo as investigações, os irmãos foram colocados como
suspeitos inicialmente de terem contratado pistoleiros para matar a família,
mas, no decorrer das investigações, o envolvimento dos dois no crime foi
descartado. Para o delegado geral, Rilmar Firmino, com as prisões, o caso está
encerrado. Os presos vão ficar recolhidos em unidades do Complexo de Americano,
em Santa Isabel do Pará, nordeste paraense.
Na coletiva, o delegado Antonio Miranda,
superintendente da Polícia Civil no Araguaia, deu detalhes sobre a chacina. No
fim da tarde de 16 de fevereiro, por volta de 18 horas, Antonio e Genival foram
até a casa de Dorvillê Azevedo Belém, o “Cabeça”, e pegaram as armas do crime,
um revólver calibre 38 e uma espingarda calibre 32. Depois, os irmãos seguiram
até o barraco da família Muniz, na fazenda Estiva, onde simularam um incêndio
com a intenção de retirar a família do local para atraí-la a uma emboscada. As vítimas
foram amarradas com cordas e obrigadas a caminhar em fila indiana por quase
três quilômetros em direção ao leito do rio Estiva, onde fica a casa de outro
envolvido no crime, Batista Gomes Nascimento, conhecido como "Neto".
Foi onde todos foram mortos, com golpes de facão, depois de terem sido
obrigados a se deitar.
O casal foi
morto a tiros e ainda com cortes. Os filhos foram mortos a golpes de facão no
pescoço e depois tiveram as cabeças esmagadas. Uma das vítimas lutou e teve os
braços cortados. Outra conseguiu mergulhar no rio para tentar escapar da morte,
mas acabou morto por afogamento por Genival. Os corpos foram jogados no rio.
Para facilitar o afundamento dos cadáveres, os criminosos usaram facões para
abrir a barriga das vítimas.
Buscas – Na
manhã do dia seguinte ao crime, equipes do 10º Grupamento do Corpo de Bombeiros
Militar de Redenção foram acionadas para ajudar nos resgates dos corpos de
dentro do rio. As buscas aos criminosos tiveram apoio do helicóptero do
Grupamento Aéreo de Segurança Pública (Graesp) e trabalho de perícia do Centro
de Perícias Científicas Renato Chaves. No mesmo dia, "Cabeça" foi
preso acusado de dar apoio aos executores. Ele foi autuado em flagrante por
posse ilegal de arma de fogo. Com ele foi apreendida uma das armas de fogo
usadas no crime.
Durante as
investigações, diversas testemunhas foram ouvidas em depoimento pelo delegado
Valdivino Miranda, titular da Delegacia de Conflitos Agrários (Deca), de
Redenção. Entre elas, Batista Gomes Nascimento, o "Neto", que
desapareceu depois de prestar depoimento sem deixar qualquer informação sobre
seu paradeiro. No dia 22, a Polícia Civil solicitou à Justiça a prisão
preventiva dos acusados. As ordens judiciais foram decretadas no dia seguinte.
Nesse mesmo dia, "Neto" foi preso por ordem judicial. O trabalho de
investigação teve apoio do Núcleo de Apoio à Investigação de Redenção.
No dia 1º de abril, Antonio Bernardo, o
"Tonho", foi preso na fazenda Três Irmãos, localizada numa área
conhecida como "Travessão", às margens do rio Araguaia, em Floresta
do Araguaia, sul do Pará. A prisão ocorreu durante operação policial que contou
com integrantes do Batalhão de Conceição do Araguaia e da Superintendência da
Região do Alto Xingu, além de homens do Grupo Tático Operacional de Redenção,
após os policiais fecharem o cerco na fazenda. As investigações mostraram que
Antônio e Genival estavam escondidos em um grupo de colonos nessa fazenda, em
Floresta do Araguaia.
Genival Pereira, o "Jhone", foi
preso no dia 2, no terminal rodoviário da cidade de Araguaína (TO), por
policiais militares e civis do Pará e do Tocantins, no momento em que pretendia
fugir. Segundo o delegado Antonio Miranda, "Jhone" é um nome falso
criado por Genival Pereira, quando foi preso, em Eldorado dos Carajás, sudeste
paraense, após ter morto um mototaxista. Na época do crime, o acusado conseguiu
fugir e estava com mandado de prisão decretado pela Justiça do município. Ele
já respondia também a outros dois processos criminais por roubo e tentativa de
homicídio, no Estado do Piauí, de onde também é foragido.
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