O júri popular de Rio Claro (SP) absolveu Roberto Rodrigues de Oliveira nesta terça-feira (27), acusado de matar o irmão tetraplégico a tiros em 2011. A vítima, inconformada com a sua condição, pediu para morrer em uma simulação de assalto. O irmão foi detido três dias após o crime, mas logo foi solto e desde então respondia em liberdade por homicídio doloso, quando há a intenção de matar.
O advogado
de defesa, Edmundo Canavezzi, disse que já esperava pela sentença favorável.
“Roberto foi perdoado pela família e esse peso ele vai carregar pelo resto da
vida. Os jurados acolheram a minha tese de que não se poderia esperar dele
outra atitude senão àquela a qual ele adotou”, disse o defensor.
O julgamento
começou por volta das 9h30. Sete jurados participaram do júri. “Não dá para
saber se a decisão foi unânime porque pela atual legislação processual penal
quando se atinge o numero de quatro votos o juiz encerra a votação”, explicou
Canavezzi.
O homicídio
aconteceu em outubro de 2011 no bairro Jardim Novo 1. Durante as investigações,
a polícia descobriu que Geraldo pediu a Roberto que planejasse um meio de
matá-lo, simulando um assalto. Um sobrinho adolescente que morava com a vítima
seria a única testemunha.
Após o
crime, o sobrinho relatou em depoimento que Roberto invadiu a casa encapuzado e
atirou contra Geraldo, que foi atingido no ombro e no pescoço. Ele ainda roubou
R$ 800 para que a polícia acreditasse em assalto. Em meio às investigações, o
jovem mudou a versão e relatou que tudo tinha sido combinado entre eles.
Sequência de
tragédias
O advogado
avaliou o caso como uma sequência de tragédias. Geraldo era casado e tinha um
filho paraplégico, situação que ele não aceitava. Quando a criança tinha 8
anos, o pai sofreu um grave acidente que o deixou tetraplégico, em 2009. No
mesmo ano, outro irmão dele morreu em um acidente. “Ele não se conformava e
entendia que ele era quem deveria ter morrido, então começou a pensar
seriamente em se matar”, contou o advogado.
Geraldo
pediu para a mulher sair de casa e quando ela se foi com o filho ele passou a
ser cuidado por Roberto. A partir daí a vítima passou a exigir que o irmão o
matasse. Roberto, por sua vez, não suportava ver o irmão naquela situação. Ele
tinha problemas físicos graves, sentia dor ao passar a sonda para poder urinar
e também estava deprimido, prisioneiro do próprio corpo.
“Geraldo,
Roberto e o sobrinho planejaram a morte. É uma situação bastante intensa em que
você tem fundamentalmente um individuo muito pressionado e coagido pelas
circunstâncias, que não tinha outra alternativa senão cumprir como designo do
irmão”, disse o advogado.
Após o
crime, a polícia pediu a prisão temporária de Roberto. Pouco tempo depois ele
foi solto para responder pelo crime em liberdade.
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