Pedido feito hoje à Justiça Federal é de paralisação total do porto até que seja dada solução para as carcaças e o óleo do navio Haidar, que afundou no dia 6 com 5 mil cabeças de gado.
O Ministério
Público Federal (MPF), o Ministério Público do Estado do Pará (MPPA) e a
Defensoria Pública do Estado entraram com ação judicial hoje, 15 de outubro, na
Justiça Federal em Belém, pedindo a paralisação total das atividades no porto
de Vila do Conde, em Barcarena, até que seja apresentada uma solução para a
remoção total das carcaças e do óleo do navio Haidar, de bandeira libanesa, que
afundou no último dia 6 de outubro com uma carga de 5 mil bois vivos. São réus
na ação a Companhia Docas do Pará (CDP), responsável pelo porto e as companhias
Global Norte Trade e Minerva, responsáveis pela operação portuária e pelos
bois.
A ação foi
assinada pelos procuradores da república Bruno Araújo Soares Valente e Ubiratan
Cazetta, pelos promotores de Justiça Viviane Lobato Sobral Franco (Barcarena) e
Márcio Leal Dias (Abaetetuba) e pela defensora pública Aline Rodrigues de
Oliveira Lima.
As
instituições, que acompanham a evolução do desastre desde o naufrágio, querem
que o porto permaneça fechado até que as carcaças de bois que se soltaram do
casco do navio e contaminam as praias da região sejam removidas na totalidade.
Também pedem que seja assegurado o fornecimento de máscaras contra odor, água
potável e ajuda financeira para os moradores impactados e que seja aprovado um
cronograma para retirada de todo o óleo e das carcaças que ainda estão contidos
no navio. O porto não tinha plano de contingências para esse tipo de ocorrência
e a demora em tomar providências aumenta, a cada dia, a extensão da catástrofe
ambiental.
O navio está
adernado no porto e foi feita uma barragem de contenção pela CDP na tentativa
de evitar que fossem liberados nas águas os quase 4,8 mil animais mortos dentro
do casco do navio, assim como cerca de 700 mil litros de óleo diesel. Seis dias
depois do naufrágio, na madrugada da segunda, 12 de outubro, a barreira se
rompeu e uma pequena parte da carga, já em avançado estado de putrefação e
contaminada por óleo, foi dar nas praias do município de Barcarena, onde fica o
porto, e nas de Abaetetuba, município vizinho.
Centenas de
moradores dessas praias usam máscaras para suportar o mau cheiro dos animais em
estado de decomposição. O MPF e a Defensoria solicitaram o remanejamento das
famílias, que se negam a sair do local e ir para o ginásio de esportes do
município porque temem furtos às residências. Crianças e idosos passam mal com
os vapores das carcaças em decomposição. A água da região pode estar
contaminada e as comunidades agora dependem das autoridades para o fornecimento
de água potável. Muitas famílias perderam o sustento, porque são ribeirinhos
que vivem dos recursos pesqueiros.
“A
contaminação decorrente do derramamento do óleo, bem como dos corpos de animais
em putrefação, já atingiu o fornecimento de água potável na região afetada,
densamente povoada, seja por ribeirinhos, seja por comunidade urbana ou rural”,
diz a ação judicial. Para MPF, MPPA e Defensoria, “as medidas até aqui tomadas
pelos responsáveis não surtiram efeito, seja quanto ao óleo já derramado, seja
quanto ao óleo ainda existente na embarcação ou, ainda, quanto aos animais,
estejam eles dentro da embarcação, estejam na contenção ou nas praias da
região.”
Ainda não se
sabe a quantidade de óleo que vazou, mas a mancha se espalha por alguns
quilômetros das águas. Calcula-se que cerca de 4 mil animais permaneçam dentro
do casco do navio e, caso não se assegure a retirada rápida, o desastre pode
ser muito maior. A carga de bois mortos está estimada em 3,8 mil toneladas.
“Embora
os números ainda sejam imprecisos, sabe-se que não mais de 30 animais foram
resgatados com vida, enquanto outros animais (cuja estimativa oscila em torno
de 200) chegaram a deixar a embarcação antes do naufrágio, alguns dos quais
foram abatidos pela população, enquanto a expressiva maioria, morta por
afogamento, remanesce flutuando, em contenção realizada no local, de modo que
aproximadamente 4.800 (quatro mil e oitocentos) indivíduos ainda se encontram
presos no interior da embarcação naufragada”, narra a ação judicial.
Falta de consenso
As
instituições envolvidas ainda não conseguiram chegar a um consenso sobre a melhor
forma de solucionar todos os problemas causados pelo naufrágio e a tensão
aumenta em Barcarena, onde a população tem feito protestos contra uma das
soluções apresentadas, de enterrar as carcaças em terreno no município.
A Secretaria
Estadual de Meio Ambiente e Sustentabilidade do Pará (Semas) autuou as três
entidades responsáveis pela situação, CDP, Minerva e Global, exigindo medidas
urgentes e eficazes para retirada dos restos do naufrágio. Até 9 de outubro, a
Semas aplicou multa diária de R$ 200 mil e, a partir de então, diante da falta
de ações, aumentou a multa para R$ 1 milhão por dia.
O Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
(Ibama) também notificou a CDP e as empresas Minerva e Global para que retirem
e incinerem o material orgânico, para prevenir contaminação ainda maior das
águas superficiais e lençóis freáticos da região, por necrochorume (líquido da
decomposição dos corpos). A carga total contida no navio pode gerar mais de 1
milhão de litros de necrochorume.
A proposta
do Ibama sofreu alteração pela empresa responsável pela salvatagem (retirada
dos restos do naufrágio), passando a prever que as cavas sejam abertas e os
animais lá enterrados, sem queima, criando-se um cemitério. “A proposta inicial
(da empresa de salvatagem) seria o puro e simples depósito, sendo,
posteriormente, alterado para a inclusão de uma manta de impermeabilização,
buscando proteger o lençol freático e outras formas de contaminação, já que os
animais, além de putrefatos, estão contaminados por óleo.”
A proposta
do Ibama sofreu ainda resistência do Corpo de Bombeiros, porque a área
inicialmente prevista para a incineração dos bois era cercada por floresta
densa. Agora, estuda-se outra área para fazer a incineração, ainda que algumas
das instituições envolvidas ainda resistam em fazer a queima das carcaças.
Quanto à retirada do óleo da embarcação, o trabalho pode demorar até 19 dias.
“Fácil
identificar o risco da manutenção da situação e a necessidade de que todos os
esforços se concentrem na solução da demanda, o que inclui reconhecer ter
faltado senso de urgência nas atividades desenvolvidas pela CDP e pelos demais
responsáveis pelo dano ambiental.”, diz a ação judicial, que aponta o fato de
que, em meio à situação de tamanha gravidade, o funcionamento do porto segue
normal com embarque diário de grãos e minérios.
Impactos
sociais
Enquanto
autoridades públicas e empresas privadas não chegam a um acordo sobre a
solução, os impactos sobre a população tendem a se agravar. Em correspondência
eletrônica enviada ao MPF, MPPA e Defensoria, a secretária de assistência
social de Barcarena, Juliena Nobre Soares narrou em breves linhas a extensão do
impacto sobre os moradores do município mais atingido, que decretou Estado de
Emergência: “durante algumas visitas as famílias de pescadores nos relataram
que tiveram seus materiais de pesca (redes e matapis) destruídos por causa do
óleo que adentrou os rios e igarapés, bem como apresentaram alergias devido
contato com água na tentativa de recuperar os materiais de pesca, dores de
cabeça e tonturas em função do forte cheiro de óleo.”
“De acordo
com relatos dos mesmos, as águas dos rios também eram utilizadas para higiene
pessoal e de utensílios domésticos e até mesmo para consumo (ingestão), sendo
que após o naufrágio essas famílias deixaram de utilizar a água, ficando sem
alternativas de sobrevivência. Ressaltamos que a praia encontra-se interditada,
logo, os atingidos também foram os barraqueiros que sobrevivem do comércio na
beira da praia”, prossegue. Eles podem perder as mercadorias que tinham
estocado para atender a clientela. “No que se refere aos ribeirinhos, estes
possuem relação direta com os rios e igarapés, utilizando o rio como meio de
sobrevivência, tanto para o consumo de peixes e camarões, como para o consumo
de água para utilização de higiene pessoal e doméstica, além do lazer e
recreação”, explica. A ação judicial tramita na 9a Vara da Justiça Federal em
Belém e ainda não tem número processual.
É facil demais resolver os problemas. É só fechar tudo. Fechar porto, fechar exportação, fechar fazenda que cria gado, fechar rodovia, fechar pontes, fechar campo que produz soja, fechar serraria, ufa, depois disso tudo pede uma vaga de emprego no MPF. Assim, o Pará que é o ultimo estado da federação em produção e tudo, deve cair para -27, resolvido o problema.
ResponderExcluirChega de palhaçada, o Titanic o navio mais seguro do mundo, afundou.
Policiais recuperam caminhão dos Correios roubado em Ulianópolis, PA
ResponderExcluirsp space
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