Três praias de Vila do Conde, o píer onde ocorreu o naufrágio e a praia de Beja, em Abaetetuba, foram interditados e proibidos para qualquer tipo de atividade, já que estão tomados por bois mortos e óleo decorrente do naufrágio. Segundo o Instituto Brasileiro do Meio Ambiente (Ibama), pouco mais de 100 bois foram resgatados com vida - a maior parte morreu afogada e muitos animais não conseguiram sobreviver porque teriam ficados presos no porão do navio, o que gerou um alerta também para a vigilância sanitária, preocupada com o consumo dessa carne.
A comunidade
reclama que vem sofrendo os efeitos dos danos provocados ao meio ambiente, à
economia da cidade e à vida dos moradores. Centenas de bois mortos estão sendo
levados pelas águas do rio Pará para as margens da praia de Vila do Conde, onde
estão ficando encalhados na areia. Máscaras respiratórias estão sendo
distribuídas para a população para evitar contaminação.
Os moradores
afirmam ainda que a barreira de contenção que isolava a área do naufrágio
rompeu-se na noite do domingo (11), causando um forte mau cheiro por conta da
decomposição dos animais e do óleo que se espalhou pelas águas do rio Pará.
No distrito
de Vila do Conde, com 8 mil moradores, os comerciantes da beira da praia
fecharam as portas e os pescadores se recolheram. Moradores afirmam que não há
condições de trabalho com as praias interditadas e que as nódoas de óleo
mancham as águas e a areia por mais de três quilômetros.
"Nós
vivemos da praia. É daqui que sai comida, bebida, água, pão, tudo. Essas
empresas vêm pra cá, derramam as coisas e quem paga o pato somos nós. Quem vai
botar comida na minha mesa se não posso mais pescar? Quem vai sustentar os
filhos da Dona Maria se ela não tem mais freguês na barraca com a praia
fechada? Alguém tem que fazer alguma coisa e esse alguém é a CDP e os donos do
barco e dos bois", reclama Adauto Lopes, um dos pescadores entre os mais
de 500 que participaram da audiência pública ocorrida quinta-feira (8), no
centro comunitário da cidade.
Órgãos
competentes querem que os animais sejam retirados o quanto antes e levados para
um local adequado. Uma equipe da Secretaria de Estado de Meio Ambiente e Sustentabilidade
(Semas) foi enviada na também manhã desta segunda-feira para Barcarena com o
objetivo de acompanhar o andamento das ações por parte da empresa. "Forçar
que as empresas resolva o problema retire toda essa carcaça que chega as praias
enquanto não se resolve ela deve ficar em contêineres”, disse o secretário da
Semas, Luiz Fernandes.
A Companhia
Docas do Pará (CDP) informou que as determinações judiciais já estão sendo
cumpridas, mas que a retirada, transporte e incineração dos bois foi suspensa
no final da tarde do domingo porque pessoas da comunidade obstruíram a rodovia
que dá acesso às valas, que foram cavadas para que fosse feito o descarte e a
queima dos animais em decomposição. O serviço completo de limpeza na área tem
previsão de duração de até 6 meses.
A Semas
informou que aumentou de R$ 200 mil para R$ 1 milhão a multa diária caso a CDP
e todas as empresas envolvidas direta e indiretamente no naufrágio do navio
boiadeiro em Vila do Conde, Barcarena, não cumpram as exigências da secretaria
para conter o impacto ambiental provocado pelo incidente, ocorrido no último
dia 6. No local do naufrágio, o navio submerso permanece atracado e sobre ele
há quase 50 bois mortos.
De acordo
com o Corpo de Bombeiros, mergulhadores estão na área afetada trabalhando para
a contenção do vazamento e tentando evitar que a mancha de óleo se espalhe
ainda mais pelo rio Pará. A prefeitura de Barcarena informou que está dando o
apoio aos moradores da cidade desde o incidente.
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