Um relatório da Controladoria-Geral da União (CGU) faz um alerta para fraudes identificadas no programa Bolsa Família.
Técnicos da CGU cobram uma fiscalização mais rigorosa por parte das
prefeituras, responsáveis pela gestão do programa na ponta. O relatório
considera que falta aos gestores locais a adoção de medidas para
verificar o enquadramento das famílias nos critérios do programa, como
visitas domiciliares para a checagem de informações sobre renda e
dependentes.
O relatório toma por base a análise feita pelos técnicos da CGU numa
amostragem de 3.519 famílias pesquisadas (algo em torno de 15 mil
pessoas). Dessas, 314 famílias recebiam o benefício de forma irregular
por declararem propositadamente uma renda familiar falsa, inferior à
real, para continuarem recebendo o benefício.
“Muito embora as informações relativas aos rendimentos da família
sejam autodeclaratórias, verificou-se a importância do gestor local
promover visitas domiciliares às famílias para confirmação das
informações fornecidas no cadastramento”, afirmam os técnicos da CGU.
Pelo programa, podem fazer parte do programa as famílias com renda
mensal per capita de até R$ 140. A pessoa também tem que ser cadastrada
no Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico).
Outro exemplo de fraude identificada na auditoria aponta para casos
de famílias que listavam como beneficiárias crianças que não estavam
matriculadas na rede pública de ensino. A CGU aponta que, de universo de
7,1 mil alunos fiscalizados, 14% ou 1.001 deles não estavam devidamente
matriculados na escola, condição para o recebimento do benefício. “Tal
fato pode indicar que a informação não foi atualizada ou pode indicar
que a família não matriculou o aluno em nenhuma escola, descumprindo a
condicionalidade da educação”, alertam os técnicos da CGU.
Nesse relatório da CGU, o órgão de controle do governo federal também
apontou casos de famílias que não conseguiram cumprir o calendário de
vacinação das crianças incluídas no programa. No entanto, essas falhas
foram consideradas ínfimas pela CGU: apenas 1,6% das famílias
pesquisadas não cumpriram o cronograma.
Outra questão apontada pelos técnicos da CGU é que 15% dos 119
municípios auditados não apresentavam estrutura adequada para o
desenvolvimento de atividades de gestão do Bolsa Família. São casos como
a falta de computadores interligados à rede do governo ou de pessoal
capacitado em número suficiente para realizar as atividades de
cadastramento. “Para esses municípios com deficiência de infraestrutura,
a gestão do Programa pode estar comprometida, principalmente no que
tange às atividades que envolvem o cadastramento das famílias nos
municípios e o acompanhamento das condicionalidades do Programa Bolsa
Família”, afirmaram os técnicos da CGU.
O Ministério do Desenvolvimento
Social (MDS) reconhece as falhas e afirma que cancelou os benefícios das
pessoas envolvidas nas fraudes apontadas pela CGU. Além disso, o MDS
afirma que “tem intensificado suas ações de fiscalização e
controle”. “Anualmente são realizados cruzamentos com outros cadastros
administrativos e adotadas medidas em decorrência das inconsistências
eventualmente identificadas.”.
Fonte: Hiroshi Bogéa
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