SEM TERRA SÃO
RECEBIDOS A BALA POR SEGURANÇAS DE FAZENDA
Evandro Corrêa
Sucursal do Sul
e Sudeste do Pará
Seguranças da fazenda Cedro,
de propriedade do banqueiro Daniel Dantas, receberam a bala na manhã de ontem
um grupo de sem terra que realizava um ato público na BR 155, antiga PA 150. De
acordo com a Coordenação da Comissão Pastoral da Terra em Marabá, o grupo fazia
um manifesto denunciando grilagem de terra publica desmatamento ilegal, uso
intensivo de venenos na área e violência cotidiana contra trabalhadores rurais.
Segundo relato de testemunhas, os sem terras faziam uma manifestação na entrada
da fazenda e tentaram entrar pela guarita da mesma quando cinco funcionários da
escolta armada contratada para dar segurança ao local, pressionados pelos sem terras
que soltavam rojões em direção aos funcionários, subiram em uma camioneta e
dispararam vários tiros de espingarda contra o grupo e seguiram para a sede da
mesma. No tiroteio, 16 pessoas ficaram feridas, entre elas uma criança.
Os manifestantes, armados de
facas, facões e foices destruíram e colocaram fogo na guarita onde os
funcionários estavam. Os feridos foram removidos para o Hospitais de
Parauapebas e Eldorado dos Carajás. Uma criança de 3 anos foi atingida por um
tiro de raspão da cabeça, mas não corre risco de morte. Um outro militante foi
atingido com um tiro de pistola no joelho e foi encaminhado para Marabá. Depois
do confronto, mais de 300 famílias bloquearam, por cerca de 8 horas, a BR 155. O presidente do Incra, Celso Lacerda, chega na
manhã de hoje em Marabá, juntamente com o ouvidor agrário nacional, Gercino
José da Silva Filho, para participar de uma reunião com a coordenação do MST na
região.
MANIFESTANTES AFIRMAM QUE AGROPECUÁRIA NÃO CUMPRIU ACORDO
Cerca
de 300 famílias já estão acampadas nessa fazenda desde o dia 1º de março de
2010. Ao todo, foram 06 fazendas do Grupo de Dantas ocupadas pelos movimentos
sociais no período. Apesar da então juíza da Vara Agrária de Marabá, Claudia
Favacho Moura, ter negado o pedido de liminar de despejo feito pelo grupo à
época, o Tribunal de Justiça do Estado cassou a decisão da juíza e autorizou o despejos
de todas as famílias. Através de mediação da Ouvidoria Agrária Nacional, foi
proposto um acordo judicial perante a Vara Agrária de Marabá, através do qual os
Movimentos Sociais, com apoio do INCRA, desocupariam três fazendas (Espírito
Santo, Castanhais, Porto Rico) e outras três (Cedro, Itacaiunas e Fortaleza)
seriam desapropriadas para o assentamento das famílias.
Segundo
o advogado da CPT de Marabá, José Batista Afonso, o Grupo Santa Bárbara, que
administra as fazendas do Banqueiro, concordou com a proposta. “Em ato
contínuo, os trabalhadores sem terra desocuparam as três fazendas, mas, o Grupo
Santa Bárbara tem se negado a assinar o acordo”. Afirma Batista.
Segundo
a Comissão Pastoral da Terra, a formação da Fazenda Cedro, e de muitas outras
fazendas adquiridas pelo Grupo Santa Bárbara no sul e sudeste do Pará vem de
uma trama de ilegalidades históricas envolvendo grilagem, apropriação ilegal de
terras públicas, fraude em Títulos de Aforamento, destruição de castanhais,
trabalho escravo e prática de muitos outros crimes ambientais. “Por falta de coragem política, nem o INCRA e
nem o ITERPA se propôs a enfrentar a situação. Terras públicas cobertas de
floresta de castanheiras se transformaram em pastagem para criação extensiva do
gado”. Denuncia José Batista Afonso. Em nota pública divulgada ontem, o MST
exige a liberação imediata das três fazendas para o assentamento das famílias
dos Movimentos sociais; Uma audiência urgente no INCRA de Marabá, com a
presença da SEMA, do ITERPA, da CASA CIVIL para encaminhamento do assentamento
e apuração dos crimes ocorridos na área.
SANTA BARBARA
AFIRMA QUE SEM TERRA INICIARAM CONFRONTO
Em
nota divulgada a imprensa na tarde de ontem, a assessoria da agropecuária Santa
Bárbara afirmou que na hora do ocorrido apenas seis seguranças protegiam a
fazenda e os seus funcionários. “Com muita violência, o grupo, fortemente
armado e enfurecido, destruiu parte da propriedade e causou pânico nos
funcionários e prestadores de serviços presentes. Além de fecharem a Rodovia e
interromperem o tráfico de veículos”. Afirma a nota ressaltando que os
invasores chegaram atirando e destruindo a propriedade, aterrorizando os
funcionários - que fugiram desesperados. “Os invasores adentram a sede da
fazenda, pressionando os funcionários e destruindo o patrimônio. A Agro Santa
Bárbara responsabiliza o MST pelo início do confronto e pelos danos pessoais e
materiais provocados”. Encerra a nota da Santa Bárbara afirmando que desde
2008, a empresa já elaborou 200 Boletins de Ocorrência e já enviou 150 ofícios
comunicando essas e outras atrocidades para diversas autoridades municipais,
estaduais e federais.
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