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quarta-feira, 20 de junho de 2012

MPF APONTA INERCIA DO INCRA EM VENDA ILEGAL DE LOTES NO SUDESTE

SUCURSAL SUL E SUDESTE DO PARÁ

Mais de 15 mil lotes já foram vendidos ilegalmente na região, o que provoca reconcentração fundiária e graves conflitos agrários.

Evandro Corrêa
O Ministério Público Federal ajuizou ação civil pública na Justiça Federal de Marabá contra o Instituto Nacional de Colonização e Reforma Agrária (Incra) pela omissão em evitar e reprimir a comercialização e a ocupação ilegal de lotes de reforma agrária na região sul e sudeste do Pará, assistida pela Superintendência Regional 27 (SR-27). Um levantamento do próprio Incra demonstrou, em 2009, que chegava a aproximadamente 15 mil o número de lotes reconcentrados ilegalmente na região administrada pela SR-27, número maior do que o de famílias acampadas à espera de assentamento nos municípios do sudeste do Pará, que são 11 mil. “Como o Incra não investe na infraestrutura – incentivando, assim, o abandono, a comercialização ilegal e a concentração dos lotes – e, de outro lado, deixa de retomar as parcelas indevidamente ocupadas ou concentradas e adotar todas as providência correlatas, acaba perdendo o controle da situação ocupacional dos assentamentos, liberando indevidamente recursos em favor de quem não tem direito e se vendo obrigado a desperdiçar vultosas quantias para a desapropriação de imóveis particulares”, resume a ação, assinada pelos procuradores da República Tiago Rabelo e André Raupp.

A área das negociações de lotes é a mesma onde, um ano atrás, foram mortos José Cláudio Ribeiro e Maria do Espírito Santo, lideranças que combatiam justamente a venda de lotes e a extração ilegal de madeira no assentamento onde viviam. Para o MPF, conflitos agrários e assassinatos continuarão ocorrendo como consequência também da omissão do Incra em estruturar os projetos de assentamento, fiscalizar a comercialização ilegal de lotes e a concentração fundiária nos projetos de assentamento.

A ação do MPF se baseia em dados do próprio Incra e em mais de 24 procedimentos abertos pela Procuradoria da República em Marabá, todos tratando da venda e concentração ilegal de lotes de reforma agrária, nos quais se verificou que esses casos geralmente estão associados com conflitos agrários e malversação de recursos públicos, dentre outras irregularidades. De acordo com informações requisitadas pelo MPF, o Incra não sabe sequer quem ocupa qual lote dentro do assentamento, pois não faz levantamento ocupacional periódico e deixa de emitir os contratos de concessão de uso, conforme exige a lei, o que acarreta a falta de informação, a liberação de créditos para não clientes da reforma agrária e a malversação de recursos públicos.

O MPF pede na ação que o Incra seja obrigado a constituir equipes permanentes formadas por servidores de outras superintendências e com pessoal suficiente para, no prazo de cinco anos, fazer o levantamento ocupacional completo dos projetos de assentamento da região, adotar todas as providências correlatas para regularizar a situação e atualizar sua base de dados, como exige a legislação. A ação judicial foi ajuizada na semana passada e vai tramitar na 2ª Vara Federal de Marabá.

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