EXCELÊNCIA EM QUALIDADE

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quinta-feira, 23 de julho de 2009

PRODUÇÃO DE GOIABA AMEAÇADA NO PARÁ

Integrantes do Movimento Sem Terra ocupam, desde o final do mês de junho, as dependências da fazenda Ourinhos, a maior produtora de goiaba do norte do Brasil, situada na zona rural do município de Dom Eliseu. Na semana passada, a gerência da propriedade registrou ocorrência policial na Depol de Dom Eliseu informando que os invasores tomaram todos os compartimentos da fazenda e impediram a saída dos funcionários. Com a invasão, os posseiros pretendem forçar o Incra a realizar uma vistoria dentro da propriedade acreditando que o órgão declarará a fazenda Ourinhos, área improdutiva. Atulamente, conforme números fornecidos pela empresa, a fazenda Ourinhos possui cerca de 70 funcionários registrados, totalizando 50 famílias de trabalhadores residentes na área. A fazenda também possui energia própria , água encanada e uma escola que atende cerca de 60 alunos com ensino do EJA e fundamental, com estrutura de escola Pólo.Os mesmos invasores que ocuparam a fazenda Ourinhos no final de Junho, foram retirados da área no ano de 2006 por força de Liminar concedida pela Justiça, que devolveu a propriedade legítima a empresa Bonal, detentora da fazenda. A partir de então, os integrantes do movimento se instalaram em um acampamento ás proximidades da Ourinhos e passaram a fazer inserções dentro da área ameaçando e mantendo em cárcere privado alguns funcionários da empresa. Durante as inserções, conforme relato de boletins policiais, os invasores também foram acusados de destruir e depredar o patrimônio da fazenda.Conforme laudos do Instituto Renato Chaves, durante a invasão ocorreu a devastação de mais de 50% da reserva legal da área, com graves danos causados ao Meio Ambiente. Por conta da situação conflitante, em setembro de 2008 a Ouvidoria Agrária Nacional realizou uma audiência em Belém onde ficou firmado que um Perito do Incra iria realizar uma vistoria na fazenda Ourinhos. Durante a inspeção, integrantes do movimento Sem Terra passaram a questionar os trabalhos do perito, solicitando que o Incra suspendesse a vistoria e enviasse outro técnico para a área, tese que foi acatada pelo Órgão. No dia 26 de março, após a invasão do escritório da empresa em Dom Eliseu, o Incra nomeou um novo perito para fazer inspeção na fazenda Ourinhos, medida que foi acatada pela direção da fazenda, porém contestada pelos integrantes do Movimento. Na semana passada, a gerência da Ourinhos foi informada de que o Incra acatou as pressões do movimento e nomeou novamente um perito indicado por membros do MST.
Além de ser a maior produtora de goiaba do Pará, a fazenda Ourinhos também trabalha com o plantio de seringa, Pimenta do Reino e opera com uma área de 210 hectares de reflorestamento de arvores como Teca, Freijó e Mogno.Por conta das invasões na área, no tocante ao cultivo de goiaba, a empresa Bonal já contabilizou , nos últimos três anos, um prejuízo de mais de três milhões de reais. Em 1999, com a chegada do incentivo ao pequeno produtor rural a Ourinhos substituiu as técnicas de plantio antigas unificando todo o método para corresponder as expectativas dos pequenos produtores. Nos anos 80, a fazenda Ourinhos foi adquirida pela empresa Bonal, que comprou a área do Complexo Capaz, totalizando hoje uma área de 2.615 hectares.No mesmo ano, o antigo IBDF, hoje IBAMA, autorizou desmate de 1.500 hectares da área, para o plantio de seringais que tinha parceria e financiamento do Probor , Basa e Banco do Brasil. Com efeito, todo o projeto de plantio de seringa foi concluído na área no ano de 1984. A partir de 1994, a empresa Bonal , após quitar todos os débitos com as instituições financeiras, por conta de queimadas em propriedades vizinhas e do chamado “mal da seca das folhas”, que atacou os seringais, a fazenda passou então a cultivar Pimenta do Reino, Goiaba, Manga e a fazer reflorestamento na área. No ano de 1996, através de incentivo dos governos estadual e municipal, a Bonal resolveu implantar uma fábrica para produzir doces , polpas de goiaba. Em meados de 1999, a fazenda fez parceria com os governos Estadual, Federal e municipal incentivando 150 pequenos produtores a plantar goiaba, sendo que a Bonal forneceria as mudas e a assistência técnica e absorveria toda a produção. Parada desde 2004, por conta das invasões, a fábrica de doces deixa de gerar cerca de 50 empregos diretos e mais 150 indiretos . Se estivesse em funcionamento, além de gerar emprego e renda, a fábrica aumentaria a comercialização e aproveitamento do produto, que saltaria de 800 para cerca de 5 mil toneladas por ano. Atualmente, toda a produção de goiaba da fazenda Ourinhos é escoada para a Ceasa em Belém, para o sul do Pará, e ainda para vários estados do nordeste do país, abrangendo a maioria dos municípios do Maranhão. A fazenda também produz anualmente 30 toneladas de pimenta do reino.

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