Uma contenda judicial que já se arrasta desde setembro de 2008 dividiu a diretoria do Sindicato dos Trabalhadores do Comércio de Paragominas, SINTRACPAR.
A comerciária Suely Cruz Bremenkamp, que era vice-presidente da entidade, afirma que teve que assumir a diretoria devido a uma série de irregularidades que teriam sido praticadas pelo ex-presidente, Francisco Rodrigues Custódio, que foi afastado do cargo.
O tesoureiro Ezequias Ferreira da Silva também afirma que a diretoria do Sindicato esta pedindo intervenção da justiça para dar garantias de vida para a atual presidente.
Suely disse a O Regional que depois que assumiu a presidência do SINTRACPAR passou a ser perseguida e ameaçada por Francisco Custódio.
A comerciária alega que nas eleições de 2008, Francisco Custódio foi candidato a vereador sem se desligar do Sindicato, ferindo o Estatuto da entidade. “Ele diz que se afastou mais isso ocorreu só de fachada. Ele continuou frequentando a sede e agindo como presidente”. Frisou Suely.
A partir de então, a vice-presidente disse que passou a tomar conhecimento de várias condutas irregulares que estavam sendo praticadas por Custódio, entre elas não prestar contas aos membros, acordos extra-judiciais com trabalhadores sem instrução, entre outras.
A comerciária afirma ainda que quando tentou interferir na situação, recebeu uma proposta de Custódio e da advogada do mesmo, para que ficasse em casa, sem frequentar a sede do sindicato, recebendo para tanto a quantia de 500 reais mensais, proposta esta que foi recusada por Suely.
No dia 19 de setembro do ano passado, uma assembléia geral realizada no Sindicato decidiu afastar Francisco Custódio da Diretoria, sendo empossada no cargo a vice-presidente Suely Cruz.
No mesmo ano a Justiça do Trabalho concedeu Liminar mantendo o afastamento de Custódio e reconhecendo Suely como presidente da entidade.
Depois da decisão judicial, Francisco Custódio elegeu uma nova diretoria do mesmo sindicato, destituindo a direção anterior, sendo que a cidade de Paragominas passou a ter dois presidentes da mesma entidade.
Durante este período, Suely Cruz afirma que passou a receber constantes ameaças por parte de Francisco Custódio, se vendo obrigada a registrar inúmeras ocorrências policiais e andar com seguranças. “Eu temo pela minha vida” Afirma Suely.
O episódio mais crítico da contenda se deu no dia 04 de setembro quando após várias tentativas os partidários do ex-presidente Francisco Custódio invadiram a sede da entidade e retiraram vários objetos como sofás, televisão , fogão, geladeira e mesas, deixando a sede completamente limpa.
A presidente Suely Cruz, disse a O Regional que no dia da invasão foi agredida fisicamente pelos invasores, sendo que do episódio também teriam participado dois vereadores de Paragominas. “Eles nos trancaram dentro de uma sala por mais de 20 minutos”. Desabafou Suely, denunciando que os membros do SINTRACPAR foram vítimas de cárcere privado.
A comerciária afirma que a invasão foi registrada por câmeras e tudo foi registrado na Depol de Paragominas. “A polícia foi totalmente omissa” Disse. Atualmente, Suely Cruz diz que aguarda uma posição da justiça para dar fim a questão. “Pedimos à justiça a prisão preventiva do Custódio e a devolução de todos os bens do sindicato”. Ponderou a comerciária.
Durante a entrevista, Suely Cruz também entregou a reportagem uma nota assinada pelo presidente da Federação dos Trabalhadores do Comércio de Paragominas, FETRACOM, José Francisco Pereira, orientando que todos os repasses financeiros, bem como as rescisões contratuais de trabalhadores deveriam ser pagos e realizados na sede da entidade, presidida por Suely Cruz. “Isso não está sendo cumprido. Eles estão indo nas lojas e coagindo as pessoas a pagar”. Diz Suely.
Procurado pela reportagem de O Regional, o ex-presidente da entidade, Francisco Custódio, negou categoricamente todas as denúncias a ele imputadas e disse que toda a celeuma é fruto de uma “questão pessoal” entre ele e o presidente da FETRACOM - Federação dos Comerciários do Pará, José Francisco Pereira, que seria seu “inimigo político”.
Custódio relatou que todas as denúncias são inverídicas e que a comerciária Suely Cruz estava sendo usada por José Francisco. “Ela está como laranja nessa história” Ressaltou. Com relação a seu afastamento, Custódio disse que é um dos fundadores do Sindicato e que a justiça já decidiu pela anulação da Liminar que reconheceu Suely como presidente.
Francisco Custódio entregou a O Regional cópia da ata de uma Assembléia Geral realizada no dia 4 de agosto, que afastou do cargo a presidente Suely Cruz e empossou Denis Vieira de Oliveira. “Tomamos essa medida e vamos aguardar a decisão da justiça, uma vez que a Suely se recusa a entregar o cargo” Disse Custódio. Segundo ele, na gestão de Suely, existem convênios atrasados na ordem de 50 mil reais.
Francisco Custódio também disse para a reportagem que a Assembléia Geral que o afastou do cargo não teve legitimidade. “Essa assembléia não pode ser reconhecida” Disse.
Quanto as denúncias de agressão e ameaças o ex-presidente declarou que tais fatos jamais existiram e que todos os procedimentos policiais foram tomados. “Se tivéssemos agredido alguém nós teríamos sido indiciados, coisa que não aconteceu. Não há inquérito instaurado”. Finalizou Custódio.
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